segunda-feira, 14 de junho de 2010

Família Copa: pais, irmãos, primos, sogros e genros em ação na África


Vinte jogadores que disputam este Mundial têm alguma relação familiar. Na maioria das vezes são companheiros, mas dois irmãos serão adversários

Por Rafael Maranhão
Direto de Rustemburgo, África do SulG1.globo.com

Eles chamam-se Weiss, Bradley, Palacios, Barreto, Boateng, Aguero-Maradona. São pais, filhos, irmãos, primos, genros, sogros, e transformam a Copa do Mundo num ambiente bem familiar. Nunca antes na história dessa competição um Mundial teve tantos parentes envolvidos como em 2010 na África do Sul. Um grupo que conta com treinadores e jogadores; companheiros de equipe e até adversários.
especial jogadores parentesPais técnicos e filhos jogadores no mesmo time, sogro que convocou genro, irmãos que irão se enfrentar em campo ainda na primeira fase. A Copa do Mundo da África do Sul está cheia de relações familiares
É o caso dos meio-irmãos Jerome e Kevin Prince. Famílias às vezes também têm suas brigas e a dos Boateng foi daquelas sérias. Nascidos na capital alemã Berlim e filhos do mesmo pai ganês, eles seguiram caminhos parecidos até Kevin aceitar o convite da seleção africana para disputar a Copa. Alemanha e Gana se enfrentam dia 23 em Joanesburgo pondo frente a frente dois parentes que mal se falam desde que Jerome criticou Kevin pela violenta entrada que tirou do Mundial o ídolo alemão Michael Ballack.
Mesmo depois de tanto tempo jogando juntos, ainda é uma grande alegria atuar ao lado do meu irmão"
Yaya Touré, da Costa do Marfim e irmão de Kolo
A relação entre irmãos defendendo a mesma equipe na África do Sul é menos conturbada. São três exemplos: os famosos Yaya Touré (volante) e Kolo Touré (zagueiro) na Costa do Marfim, que enfrenta o Brasil no domingo; o meia Edgard Barreto e o goleiro Diego Barreto no Paraguai; além do meia Wilson Palacios e do zagueiro Jhony Palacios.
- Mesmo depois de tanto tempo jogando juntos, ainda é uma grande alegria atuar ao lado do meu irmão em campo - disse Yaya Touré.
A lista poderia ser maior, caso o treinador mexicano Javier Aguirre não tivesse cortado o meia Jonathan dos Santos, do Barcelona, que poderia fazer companhia ao irmão Giovani.
A tradição dos irmãos defendendo a mesma equipe vem desde a primeira partida da história das Copas, quando Manuel e Felipe Rosas estiveram em campo pelo México na derrota por 4 a 1 para a França em Montevidéu. A lista inclui ainda os campeões mundiais Otmar e Fritz Walter (Alemanha, 1954) e Bobby e Jack Charlton (Inglaterra, 1966).
A Copa de 2010 conta com dois casos de uma relação familiar mais rara de acontecer: pais que convocam seus filhos para o Mundial. Os Weiss, da Eslováquia, têm talento para o futebol, mas pouca criatividade para nomes. Avô, pai e filho chamam-se Vladimir e jogaram pela seleção. O pai treinador defende o filho meia.
- As pessoas viram que ele merecia a convocação e que eu não fiz nada de errado ao chamá-lo - afirmou Vladimir Weiss.
AS RELAÇÕES FAMILIARES NA COPA DO MUNDO DE 2010
ARGENTINAO técnico Diego Maradona é sogro do atacante Sérgio Aguero
HOLANDAO técnico Bert Van Marwijk é sogro do volante Mark Van Bommel
ESTADOS UNIDOSO técnico Bob Bradley é pai do meia Michael Bradley
ESLOVÁQUIAO técnico Vladimir Weiss é pai do meia Vladimir Weiss
HONDURASO meia Wilson Palacios é irmão do defensor Jhony Palacios
COSTA DO MARFIMO volante Yaya Touré é irmão do zagueiro Kolo Touré
PARAGUAIO meia Edgard Barreto é irmão do goleiro Diego Barreto
CAMARÕESRigobert Song e Alexanders Song são primos e companheiros de seleção
ESLOVÊNIAO goleiro titular Samir Handakovic é primo do seu reserva Jasmin Handakovic
ALEMANHA x GANAOs irmãos Jerome Boateng e Kevin Prince Boateng estarão de lados opostos no dia 23





















Nos Estados Unidos, o treinador Bob Bradley também deu uma chance ao filho e volante Michael.
- Ele é um atleta profissional e sabe que trabalho vem em primeiro lugar quando estamos juntos na seleção. É preciso manter o respeito pelo grupo - disse Bob.

As pessoas viram que ele (seu filho) merecia a convocação e que eu não fiz nada de errado ao chamá-lo" Vladimir Weiss, técnico da Eslováquia
A primeira vez que um pai convocou um filho para a Copa foi em 1966, quando o treinador uruguaio Ondino Viera levou o filho Milton para o Mundial da Inglaterra. Depois, repetiu-se na seleção italiana em 1998, com o treinador Cesare e o capitão Paolo Maldini e na seleção croata, em 2006, com o técnico Zlatko e o meia-atacante Niko Kranjcar na Croácia.
Este é outro grupo que poderia ser ainda maior caso o zagueiro sérvio Dusan Petkovic não tivesse abandonado a seleção de Sérvia e Montenegro antes da Copa de 2006 para por fim às críticas e acusações de nepotismo ao seu pai, Ilija, então treinador da seleção.
Na África do Sul há ainda o caso dos primos camaroneses Rigobert e Alexanders Song e dos eslovenos Samir Handakovic e Jasmin Handakovic, ambos goleiros.
A principal novidade nas relações de parentesco da Copa de 2010 é a parceria sogro-genro. Na Holanda, o meia Mark van Bommel voltou à seleção quando o sogro Bert van Marwijk assumiu no lugar de Marco van Basten. Mas o caso mais famoso é o da Argentina. O atacante Sergio Aguero é casado com a filha do treinador Diego Maradona e pai do primeiro neto dele. Benjamin Aguero Maradona nasceu em março e já ajudou a fazer do futebol um assunto ainda mais familiar.

sábado, 12 de junho de 2010

Entrevista "atrevida" de Alves da Rocha...« Preto no Branco»

Alves da Rocha é economista, professor e um intelectual angolano. É um homem, sobretudo, corajoso. Nesta entrevista à reportagem da Folha, o professor dá um panorama da atual situação de Angola, uma nação com independência há pouco mais de 35 anos, mas que conseguiu a paz apenas há pouco mais de oito anos. Tempo suficiente para se tornar o país que mais cresce no mundo.
Um desempenho tão extraordinário do ponto de vista da expansão econômico, quanto da precária situação social do país que pode ser vista ao percorrer o país.A reportagem da Folha passou nove dias em Angola e pode observar como essa ex-colônia de Portugal experimenta --entre erros e acertos-- um novo momento de sua história. Da análise da atual situação econômica aos hábitos da corrupção enfronhada no Estado, Rocha desfia um diagnóstico definitivo sobre o milagre de Angola. A seguir a entrevista concedida numa sala do Ministério do Planejamento do governo angolano.

A economia de Angola deve recuperar o dinamismo em 2010?
As duas peças básicas que são o orçamento geral do estado e plano nacional estão a ser objeto de revisão, nós estamos trabalhando nisso. Já temos a análise toda do ano de 2009 e já temos alguns informações do primeiro trimestre de 2010. Vamos ver agora em termos de expectativa o que é que pode vir a acontecer em 2010. Há indicações de uma retomada econômica forte. A primeira projeção feitas, e que consta do plano nacional a ser revisto, situava a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 8,8%. O que comparando com os 2,74% de 2009 já denota alguma retomada.

Mas qual o problema para se saber o que de fato ocorreu em Angola?
O problema é que na falta de um sistema estatístico confiável ninguém sabe o que aconteceu em 2009 e em 2008, nem 2007. Só para dar conta, a Universidade Católica Angolana estima que o crescimento econômico em 2009 tem sido inferior a 2%, 1,9%. O governo indica 2,74%. O Fundo Monetário Internacional apresenta uma cifra negativa de 0,4%. A revista The Economist apresenta uma taxa estimada para o crescimento do PIB de menos 2%. O Banco Africano de Desenvolvimento estima em 0,1%. Portanto, não se sabe. E não se sabe porque Angola não tem um sistema de contas nacionais. De qualquer maneira, é necessário que as projeções sejam feitas.

O país sofreu um forte abalo na crise econômica mundial. Qual foi o impacto?
Aparentemente a queda das reservas internacionais foi muito dramática, entre Outubro e Dezembro de 2008 perdeu-se algo como US$ 3 bilhões. A reserva passou de US$ 20 bilhões para US$ 17 bilhões no período. Não foi apenas justificada pela crise petrolífera, houve aqui especulações sobre o que teria acontecido às reservas. Até que depois do governo deu início a uma sindicância e uma investigação para saber o que havia passado e apanhou falcatruas em cerca de US$ 200 milhões, um valor ínfimo em relação àquele efetivamente perdido. Mas objetivo de defender as reservas internacionais, o governo tornou as coisas muito difíceis aos acessos às divisas. O ano de 2009 foi dramático, o que seguramente a taxa de 2,7% de crescimento se deveu às medidas restritivas. Face a diminuição das receitas fiscais provenientes do petróleo, o governo também reduziu suas despesas, nomeadamente os investimentos públicos e houve uma quebra de 40% do investimento público.

Qual é a taxa de investimento sobre o PIB em Angola?
A taxa geral de investimento deve estar da ordem de 30%, mas com um peso muito grande do sector do petróleo que responde por 50% a 60% da taxa global de investimento. O resto é investimento público e privado somados. Diria que o investimento público deverá rondar os 10% do PIB, nos últimos anos, depois da paz, depois da resolução do conflito militar, porque antes disso a taxa de investimento pública era muito pequena. Não havia condições de investir. O governo construía as estradas e aí vinha a Unita e dinamitava as rodovias. Depois de 2002, realmente assistiu-se a um incremento significativo do investimento público.

O investimento público tende a se manter em 10% do PIB como foi até agora no período do pós-guerra?
Provavelmente. Neste momento o governo angolano tem uma dívida face as construtoras estrangeiras, inclusive algumas pequenas construtoras angolanas. O Estado deve mais de US$ 4 bilhões, e foi por causa dessa dívidas que muitas obras pararam. Houve dispensa de trabalhadores. Portanto, o que o governo deve fazer ainda neste primeiro semestre é pagar aquilo que deve. Isso é investimento público de 2009, não é investimento público de 2010. Não sei dizer qual o investimento público programado para 2010. Na versão inicial do plano e do orçamento do estado, que estão em revisão agora, o investimento público deveria estar a volta dos US$ 9 bilhões em obras de reconstrução em 2010. Com a revisão não sei. Face o aumento do barril do petróleo e das receitas fiscais esses investimentos públicos talvez venham aumentar.

É um índice muito mais alto do que no Brasil, por exemplo. 
Mas veja o grande problema do investimento público aqui não é o seu montante, mas sim a nossa capacidade de execução. Porque o orçamento pode prever bilhões, mas não temos capacidade de absorção disso, e é o que tem acontecido. Para lhe dar um número sobre 2009, e a despeito de ter havido uma redução do orçamento do ano passado para o investimento público, a taxa de execução rondou os 35%. Portanto ficaram 65% do valor de investimento público inscrito no orçamento por executar. Portanto isso dá a medida da nossa capacidade de fazer as coisas. O país está a andar a uma velocidade puxada pelo sector petrolífero que nós não temos capacidade de controlar e perceber o que está passando. E isso tem a ver com a fragilidade da administração pública, com a capacidade de adjudicar ou fiscalizar essas obras, com uma série de coisas. Isso pode ser um limite, um entrave importante no futuro para Angola entrar numa rota de desenvolvimento económico sistemático. Faltam gente e capacidade do estado para tocar tudo isso. Mesmo com crescimento económico elevado, Angola enfrenta ainda um grave problema de desemprego.

Qual a taxa de desemprego hoje no país?
 As contas do governo, as quais ninguém acredita, dizem que a taxa de desemprego em 2009 foi inferior a 22,5%. As estimativas da Universidade Católica Angolana, que vão constar do relatório económico, apontam uma taxa de desemprego ao redor de 25%, mas acreditamos que estejam subavaliados. Nós também não temos instrumentos para aferir isso com mais detalhes. Mas para dar uma ideia, todos os países limítrofes de Angola, tem taxas de desemprego relativamente elevadas, como Botsuana, Namíbia, as taxas rondam os 10% a 12%. Mas nosso padrão de referência é a África do Sul, e a taxa de desemprego lá, numa das publicações da The Economist, dava conta de uma taxa de desemprego de 25%. Mas mesmo lá, os sindicatos contestam a taxa de desemprego. Dizem que é muito superior, dizem que está por mais de 30%. Portanto, ninguém sabe. A sensação que se tem é que a taxa de desemprego é muito elevada. O governo no relatório que acabou de ser aprovado em conselho de ministro de execução do plano de 2009, afirma que no ano passado a economia de Angola criou 385 mil novos postos de trabalho, o que ninguém acredita. O governo apresenta os dados, sector a sector, mas todos duvidam. Quando essas informações são apresentadas ao público, os empresários dizem que isso não é possível. Porque nomeadamente no domínio da construção, junto com a agricultura, que são sectores que mais empregam, houve dispensas. Mesmo assim, o governo apresenta números que dão conta de um aumento da criação líquida de postos de trabalho na construção, o que ninguém acredita.

Mas esse novo ciclo económico conseguiu algum nível de ascensão social dos mais pobres?
Essa é uma matéria sobre a qual há muita discussão, há muito debate. Porque a taxa de desemprego está ligada a taxa de pobreza. Em Angola, a taxa de pobreza é extremamente elevada. Ninguém sabe exactamente qual é. O último dado que temos é de 2002, que dava conta de uma taxa de pobreza ao redor 70%, já incluída a população que vive abaixo do nível de pobreza ou a população que vive com menos de 2 dólares por dia. A pobreza extrema que abrange a população que vive com menos de US$ 1,25 por dia, andava a volta dos 30%. Os indicadores precisam ter uma consistência entre si. Não se pode dizer que a taxa de desemprego está a cair quando não há melhorias visíveis na taxa de pobreza. No entanto, o crescimento económico de Angola a partir, principalmente de 2004, deve ter provocado um efeito de contágio, de disseminação. Ou seja, deve-se ter sido possível aproveitar alguma janela de oportunidade que esse intenso crescimento económico criou. Então, pessoalmente acredito que determinadas faixas da população, que estavam ligeiramente acima desse limiar da pobreza, conseguiram aproveitar essas oportunidades e conseguiram melhorar alguma condição de vida.

Mas dado pode demonstrar essa pequena evolução?
A quantidade de carros que existem em Luanda (capital de Angola). Só Luanda importa 2 mil carros por semana, 90% dos quais usados. É só andar pela cidade para ver que há muito carro, velho, a bater com o motor. Importados por US$ 3 mil ou US$ 4 mil, da Bélgica, da Holanda. São carros de quinta mão. Mas não há dúvidas de que aumentou a faixa da população que conseguiu ter esse dinheiro para comprar um carro usado. Isso significa que o crescimento econômico permitiu um aproveitamento, apesar de o modelo de distribuição de rendimento ser muito desequilibrado ainda. Basta ver os candongueiros (motoristas de pequenas vans que respondem por grande parte do transporte público na capital) e os apartamentos de US$ 2 milhões que são vendidos na zona nobre da cidade. Há uma desigualdade muito grande.

Esse fosso social está crescendo?
O estado nunca disse: "Bem agora vamos tirar dos ricos e dar aos pobres". Pelo contrário. O estado controlado pelo MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) _ o partido do poder _ privilegia, apoia a constituição do que o partido chama de uma burguesia nacional pelos mais variados processos.

Como funcionam esses modelos de criação dessa casta? Parece que houve inclusive um modelo institucionalizado para criar capitalistas angolanos.
Sim, há um assalto ao orçamento. É evidente. Os instrumentos podem ser a adjudicação das obras, por exemplo. As construtoras poderiam dizer muito melhor do que eu quais são as comissões que são obrigadas a dar para que o governo adjudique a empresa a uma determinada obra. As comissões são muito elevadas. Essa é uma via que transfere para essa classe de políticos, militares, governantes essas obras. Grande parte dos empresários que Angola tem são oriundos da esfera política. Não há um único ministro que não tenha empreendimentos, não há nenhum ministro neste país que não tenha uma fábrica, ou participe de uma, ou uma fazenda agrícola, meios de transporte, não há absolutamente nenhum. Essa gente é rica, e rica mesmo. São fortunas. Não sei como a revista Fortune não incluiu ainda nenhum angolano, porque há aqui fortunas de US$ 400 milhões, US$ 500 milhões, entre dinheiro, patrimônio, essas coisas todas. Isso foi sempre através do estado.
 
Isso ocorre com o setor petrolífero também?
Veja, há muitos políticos, governantes, dirigentes ligados ao partido que alugam suas casas, vão viver em condomínios que são do estado, e recebem uma renda de US$ 25 mil ou US$ 30 mil mensais do sector petrolífero. As petrolíferas pagam essa renda, mas sabe-se qual é o mecanismo. No cost oil, as petrolíferas vão dizer quanto gastaram. E portanto quem esta pagando essa renda? Somos nós, é o governo, é o Estado, é o orçamento.

A nova constituição busca resolver esse problema da corrupção no Estado angolano?
As declarações do presidente vão no sentido de corrigir a forma de distribuição da renda no país. Sente-se que é um modelo baseado na corrupção, na incompetência, no tráfico de influências e é evidente que isso não é bom para a sociedade. Não é bom para as pessoas e para a própria imagem internacional do país. A nova constituição ou as declarações do presidente da república vão no sentido de corrigir esse modelo de participação nos rendimentos. Quando o chefe de estado fala que a partir de agora é tolerância zero, quando ele fala nas intervenções públicas que os ministros e os políticos não podem ter negócios, ou dedicam-se aos negócios, ou dedicam-se ao governo e a política, significa que há consciência de que as coisas estão mal. Agora, se há vontade política para alterar as coisas isso é outra coisa. Entre tomar consciência do problema e haver vontade política de alterar vai muita distância.

Qual é dificuldade?
Alterar a situação actual significará mexer com interesses, interesses estabelecidos e consolidados. Essa gente vê como uma piada a lei da probidade pública, da tolerância zero. Todos estão de acordo, mas quando começar a tocar nesses interesses as coisas ficam muito complicadas. Porque se alguém alguma vez for denunciado e for levado a julgamento, por não conseguir justificar como adquiriu a fortuna, esse indivíduo, se quiser falar, levará toda a gente a julgamento e à prisão. Porque o MPLA criou uma teia, laços entre os dirigentes em que ninguém fala do outro. Porque se alguém um dia falar, vão-se todos. Porque as relações são umbilicais.

Há instrumentos legais que proíbem essa relação?
A nova constituição é clara quanto a isso. Se há um dirigente, um ministro que entenda que há uma oportunidade de negócio e ele quer aproveitar a oportunidade de negócio, de acordo com a lei, ele opta, sai do governo e vai fazer o negócio. Mas o fato de ser membro do partido e do governo confere a essa pessoa condições vantajosas em termos de conhecer as oportunidades. Aqui não há uma democratização das oportunidades. Quando um cidadão normal se der conta de uma oportunidade, um membro do governo já sabia dela e já a aproveitou.

O sr. confia na disposição do governo em mudar esse estado de coisas?
Não. Não porque não é a primeira vez. Já há dez anos, tentou-se criar a alta autoridade contra a corrupção. Criou-se no papel, nunca foi criado o tal comissário anticorrupção. Os casos que são dados a conhecer ao público, são menores. Uma queda das reservas internacionais de US$ 3 bi (considerado um ataque especulativo ao Kwanza, moeda local) levou o governo a investigar pessoas do ministério das Finanças e do BNA (Banco Nacional de Angola, o banco central) que urdiram contratos falsos com empresas estrangeiras. Mas cadê os outros. Não há qualquer possibilidade de arranjar uma fortuna num país que é independente há 35 anos com 20 anos de regime socialistas. Quando terminei de estudar em Portugal, era marxista. Depois de ter vivido o regime socialista aqui...

Quem me venha falar disso eu dou as costas. Porque o que se passou aqui no regime socialista, eu vou lhe dizer... Em termos de dificuldade de alimentação, de se vestir, de tudo. Tirando os 20 anos de regime socialistas, como é que em 15 anos as pessoas com o seu trabalho, ainda que seja com empreendimentos, conseguem juntar fortunas de US$ 600 milhões ou US$ 700 milhões?
Agnaldo Brito in:  Folha.com.br

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A África do Sul está a poucas horas de dar início nesta sexta-feira ao maior evento do futebol mundial, a primeira Copa em território africano.


A primeira partida da 19ª edição do torneio, entre África do Sul e México, será iniciada às 16h30 (11h30 em Brasília) no estádio Soccer City, em Joanesburgo, com capacidade para 94 mil pessoas.


Fonte: BBC
Havia uma grande expectativa sobre a presença, no estádio, do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, de 91 anos, para acompanhar pelo menos parte do jogo.
O director de comunicação da Fundação Mandela, Sello Hatant, disse à BBC que ainda não era possível confirmar a presença de Mandela na festa de abertura, após a morte da bisneta do ex-presidente em um acidente de carro ocorrido na noite de quinta-feira.
Zenani Mandela, de 13 anos, morreu após o carro em que viajava capotar quando voltava para casa do show de abertura da Copa em Soweto.
"Ainda é cedo para confirmar a presença de Mandela. Mas mesmo com essa tragédia temos que lutar para que tenhamos uma Copa memorável".
Estima-se que centenas de milhões de pessoas de mais de 215 países acompanharão o torneio, marcado para terminar no dia 11 de julho.
Mandela
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, e o arcebispo Desmond Tutu também devem estar presentes no estádio.
"A África do Sul nunca mais será a mesma após esta Copa do Mundo", disse Zuma, que elogiou o envolvimento de Mandela nos esforços para levar a Copa ao país, em 2004.
"Nelson Mandela trabalhou duro para que conquistássemos o direito de sediar o torneio. Dedicamos a Copa do Mundo a ele. Existem alguns momentos que definem a história de uma nação. Estamos próximos de um com a Copa do Mundo", acrescentou.
As festividades começaram na quinta-feira com um show que reuniu artistas como a colombiana Shakira.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Morreu o musico Gabones Oliver Ngoma



O monumento da música gabonesa, Oliver Ngoma, morreu hoje (segunda-feira) as 06h00 (hora local) no Hospital Militar de Libreville (Omar Bongo Ondimba), vítima de insuficiência renal.

" O artista zouk de fama internacional terá morrido de uma insuficiência renal, dois dias, após a saída de um filme documental e um livro sobre ele ", refere uma fonte gabonesa.

Nasceu em Mayumba, no sudoeste do Gabão, a 23 de Março de 1959.

Em 1971, a família deixa Mayumba para a capital, Libreville, onde faz os seus estudos de contabilidade num dos liceus técnicos. Muito rapidamente vincula-se à orquestra do liceu, "Capo Sound", na qual se torna guitarista.

Depois de concluir os estudos, tornou-se tesoureiro, mas Oliver preferia consagrar-se às suas duas paixões: o cinema e a música.

Começa a coleccionar instrumentos de música, arranja um pequeno centro estúdio, e alimenta a esperança de tornar-se músico profissional, mas é cotado da sua segunda paixão, a câmara, o único destino que precisava.

É empregado como operador de câmara na segunda cadeia da TV gabonesa, e parte depois para um estágio em Paris, em 1988.

Em Paris, encontra-se com Manu Lima, um dos melhores directores/produtores da cena africana parisiense, e antigo líder de Cabo Verde Show, que o relançou junto de numerosos grandes artistas africanos, como Monique Séka e Pépé Kallé.


Manu interessa-se pelas melodias de Oliver, encarrega-se da direcção artística do primeiro disco de Oliver. O álbum que inclui a canção CESTA, que foi o seu primeiro sucesso.

Mas, graças, a rádio Africa N°1, a Gilles Obringer sobre R.F.I. bem como de discotecas na França e em África, CESTA torna-se um tubo de ensaio em 1990, em toda África, na França, até nas Antilhas, onde ainda hoje não existe “uma noite” digna deste nome, sem que se toque algo sobre CESTA.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Tudo aquilo que você sempre suspeitou mas nunca teve certeza

Achei este texto interessantissimo na Internet e gostaria de partilhar com vocês, ja que está bebida faz moda entre a nossa rapaziada. 

A Red Bull foi criado para estimular o cérebro de pessoas submetidas a um grande esforço físico e em “coma de stress”. Nunca para ser consumida como uma bebida inocente e refrescante.

A Red Bull conseguiu chegar a quase 130 países de todo o mundo com um faturamento anual acima de 21 bilhões de euros na venda de 3 bilhões de latas. Os jovens e o esporte foram os símbolos eleitos pela marca para caracterizar a sua imagem – dois segmentos atrativos que foram cativados pelo estímulo causado pela bebida.

Foi criada por Dietrich Mateschitz, um empresário de origem austríaca, que descobriu a bebida por acaso, durante uma viagem de negócios a Hong Kong , quando trabalhava para uma empresa fabricante de escovas de dentes. É interessante notar que o Dietrich não foi apenas um funcionário mongolóide de uma empresinha de escova de dentes, ele trabalhou em multinacionais gigantes como Procter & Gamble e a Unilever. Outra curiosidade sobre o criador é que ele figura entre a lista dos bilionários e é dono das Ilhas Laucala inteiras no Japão (ele comprou dos Forbes por 7 milhões de libras esterlinas)

Uma lata de 250 ml de Red Bull, contém 20 gramas de açúcar, 1000 mg de taurina, 600 mg de glucuronolactona, 80 mg de cafeína e vitaminas do complexo B.

Mas a verdade desta bebida é outra
A França e a Dinamarca acabam de proibir a venda da bebida por ser um cocktail da morte, devido aos seus componentes de vitaminas misturadas com “glucoronolactone“, substância química altamente perigosa – desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA durante os anos 60 para estimular o moral das tropas americanas no Vietnã.

A proibição na França deve-se à grande quantidade de cafeína, à presença da glucuronolactone e da taurina cujos efeitos a longo prazo no organismo humano são desconhecidos. Esse é o ponto de vista da AFSSA – Agence Française de Sécurité Sanitaire des Aliments.

Os efeitos do glucoronolactone eram como se fossem o de uma droga alucinógenea. No caso, era usado para acalmar o stress da guerra. Entretanto seus efeitos no organismo dos soldados foram devastadores: alto índice de enxaquecas, tumores cerebrais e doenças do fígado.

Isso é o que eles fazem com o seu dinheiro: patrocinam eventos de corridas de aviões, têm 2 escuderias de Formula 1 e por aí vaí.

Apesar de tudo, na lata de Red Bull ainda se lê entre os seus componentes: glucoronolactone – catalogado medicamente como um estimulante. Mas o que a lata de RED BULL não diz são as consequências do seu consumo – que estão explicitadas a seguir:

É perigoso tomá-lo se, em seguida, não se fizer exercíco físico, já que a sua função energizante acelera o ritmo cardíaco e pode provocar um infarto fulminante.

O risco de se sofrer uma hemorragia cerebral, porque o RED BULL contém componentes que diluem o sangue para que seja mais fácil ao coração bombear o sangue e assim se poder fazer esforço físico com menos esgotamento.

É proibido misturar Red Bull com álcool, porque a mistura transforma a bebida numa “Bomba Mortal” que ataca diretamente o fígado, levando a zona afetada à incapacidade de jamais se regenerar

Um dos componentes principais do RED BULL é a vitamina B12, utilizada em medicina para recuperar pacientes que se encontram em coma etílico; daí o estado de excitação em que se fica após tomá-lo. É como se estívessemos estado de embriaguez.

O consumo regular de Red Bull provoca uma série de doenças nervosas e neuronais irreversíveis.

Dando uma “googlada” com as palavras-chave: red bull, health, issues, problems, countries, denmark, wiki – são retornados resultados com a proibição do Red Bull em diversos países do mundo (Suíça, Finlândia, Dinamarca, Noruega, França, Uruguai e Islândia). Não é só um país chato que já proibiu a bebida, mas uma série de lugares, entre eles potências econômicas.

Por outro lado, a conclusão pra quem procurou um pouco na Internet é que, na prática, não se sabe muita coisa sobre os efeitos da bebida. No site deles não tem nada documentado, nada esclarecido. Não há efeitos colaterais, não há documentação confiável sobre os supostos efeitos colaterais. Se for seguir o que as fontes dizem, Red Bull é mais um refresco do que um energético.

O que existem são pesquisas de estudantes universitários que analisaram alguns casos isoladamente e publicaram algo a respeito. Apenas com isso, entretanto, é impossível saber se foi a bebida quem causou problema ou algum outro fator relacionado ao ambiente.

O que eu sei é que tomar Red Bull com bebida alcóolica, como vodka e whisky, é uma prática bastante comum e eu, particularmente, nunca vi alguém morrer por conta do consumo de Red Bull – embora já tenha visto alguns problemas psíquicos que podem sim ser relacionados à bebida.

Mwangolê se cuide...

PROJECTO LIBOLO

Estive em Calulo, Libolo, a terra que me viu nascer, como congressista convidado ao Congresso Internacional Linguístico (20° Conferência Anu...