sexta-feira, 12 de setembro de 2025

 A PREMIAÇÃO DO DEBOCHE

A entrega do galardão dos 50 anos de independência de Angola, está a virar uma verdadeira banalização de um tributo que devia ser tratado com mais critério e seriedade. Em vez de se valorizar a dimensão histórica de meio século de soberania, prefere-se espalhar medalhas e distinções sem rigor, tirando peso e simbolismo ao acto.

Na prática, esses prêmios vão quase sempre parar nas mãos de personalidades já conhecidas, gente com nome feito, artistas, celebridades e figuras mediáticas que já têm a sua fama garantida. Ficam de fora os verdadeiros filhos desta terra, aqueles que, no silêncio e no sacrifício, ajudaram a construir, defender e desenvolver Angola ao longo destas cinco décadas.
Mais grave ainda é ver entre os laureados pastores de reputação duvidosa, políticos e gestores conhecidos por más práticas e transformar os pobres em “ovelhas” submissas, ou simplesmente membros da elite que vivem rodeados de privilégios, sem nunca terem dado nada de relevante ao colectivo nacional. Ao invés de se premiar mérito e serviço à pátria, parece que se premia a proximidade ao poder e o estatuto social.
Enquanto isso, os heróis anónimos continuam esquecidos. Professores, médicos, cientistas, artistas de base, camponeses, militares e tantos outros que lutaram em diferentes frentes pela dignidade do país, não aparecem em nenhuma lista. A eles resta apenas a resignação, como se o seu esforço não tivesse valor na história nacional.
Se a celebração dos 50 anos de independência quer ser um acto sério e respeitado, então é preciso resgatar a justiça histórica. O verdadeiro reconhecimento deve ir para quem ergueu o país com suor, dedicação e sacrifício, mesmo sem fama nem fortuna. Caso contrário, vamos continuar a transformar um momento solene num simples desfile de vaidades das elites.
Eu, estou indignado com este desfile de deboche.

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