Nativos em trabalhos de contratados |
Independência – Angola, desde 11 de Novembro de 1975 que saiu do domínio colonial português depois de quase 500 anos de um colonialismo cruel e quase “canibal”. Sabemos que não foi uma independência fácil ao estilo da maioria de outros Estados africanos que tiveram o ensejo de negociar com os colonos as suas independências e tiveram os processos concluídos de descolonização. Em Angola o processo de descolonização não existiu, o colono embrulhou a bandeira, colocou-a debaixo do braço e partiu. O país ficou a deriva e entregue na mão de carpinteiros, enfermeiros, marceneiros, sapateiros e meia dúzia licenciados sem experiencia absolutamente nenhuma de liderança ou gestão pública. E como se não bastasse esta amputação, ainda importamos uma guerra atroz que nos era alheio entre potências que lutavam para dominar o planeta e o universo.
O Ultimo dia colonização |
Na verdade descalçamos uma bota apertada e colocamos os pés num sapato justo mas cheio de espinhos e apesar dos esforços, galgamos pedra sobre pedra até que nos entendemos e juntamos as pedras e há 13 anos começamos a caminhar sobre uma calçada que ainda é íngreme e desnivelado mas já permite caminhar sem muitos tropeços. Portanto o que ganhamos hoje embora muito pouco é resultado das perdas que tivemos no passado. Neste momento vivemos um processo de identidade e afirmação, é como se tivéssemos regressado aos primeiros anos da independência. É mentira se dissermos que está tudo bem, também estaríamos a faltar com a verdade se dissermos que está tudo mal. Tivemos avanços e retrocessos e a principal barreira entre nós é a dos homens que têm imensas dificuldades de de adaptação e abandonar alguns vícios e hábitos adquiridos nestes 40 anos. Uns não conseguem se libertar da rebeldia cronica aprendida e ensaiada e outros têm dificuldades de se libertarem de uma hegemonia política e ideológica em que se deitaram por três décadas e agora tende a surgir uma geração que não galgou a estrada de pedra sobre pedras e que se acha solução de um problema bicudo e muito maior que qualquer vontade.
A bandeira da nova República |
A independência é um processo e não uma obra acabada e ainda vamos galgar muitos quilômetros para que nos sintamos todos completamente saciados. Portanto ao olharmos para os 40 anos da “dipanda” e antes de criticarmos que houve precipitações e que não ganhamos nada, aconselho-vos sempre a olharmos antes para a floresta e só depois para as árvores.
Artur Cussendala