segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Após o Acordo do Alvor

Em finais de Janeiro de 1975 toma posse perante o Alto Comissário Gen. Silva Cardoso o governo de Transição com pastas distribuídas pelos três movimentos e por Portugal, não fazendo Portugal parte do Colégio Presidencial (Lopo do Nascimento/Johny Eduardo Pinóqui/N’Dele). As reuniões do Governo de Transição tornam-se palco de permanentes agressões verbais, quando não de tentativas de agressão física. [11] 

A situação interna não cessa de se deteriorar, chegando-se a uma situação de guerra aberta entre o MPLA e a FNLA que entra no limiar da guerra civil no interior da cidade de Luanda. 

As forças militares mistas como embrião do exército nacional angolano previstas no Acordo do Alvor, não avançam dada a situação de confronto permanente entre os Movimentos apesar dos esforços da parte portuguesa. 

A atitude de “neutralidade passiva” do Alto Comissário, pelo menos no que às atitudes inconvenientes da FNLA que violavam o Acordo de Alvor, o que provocava um confronto permanente entre o MFA de Angola e o Alto Comissário. 

Proibição de entrada de forças militares em Luanda não respeitada pela FNLA e MPLA que continuam a introduzir na capital homens e armamento que serve para o confronto urbano. 

Em finais de Abril o MFA de Angola elabora um estudo de situação que envia para o Conselho de Revolução que se tinha institucionalizado em Portugal depois do golpe do 11 de Março, no qual apresenta os principais problemas com que a descolonização de Angola se debate:

◦Governo de Transição paralisado; 
◦Forças militares mistas não avançam [12] . Presume-se mesmo a presença de militares zairenses entre os elementos da FNLA, falando apenas o francês; 
◦Constantes violações do Acordo do Alvor por parte dos movimentos; 
◦Incapacidade anímica do Alto Comissário português para dominar a situação; 

O MFA de Angola já então designado por CCPA [13] , propõe: 
◦A “neutralidade activa” [14] por contraponto à “neutralidade passiva” do Alto Comissário; 
◦A aliança MPLA/UNITA para se poder recuperar o essencial do Alvor, face à auto-marginalização da FNLA. Esta proposta não foi em frente porque o MPLA a recusou à partida; 
◦A substituição do A. C. que se distanciava cada vez mais da CCPA; 
◦O reforço do papel do MFA só possível com a sua institucionalização como acontecera em Portugal com o C. R.; 

Estava bem delineada a confrontação para a conquista do poder. Os confrontos MPLA/FNLA agravavam-se em Luanda e alastraram a outros distritos. 
De novo o MFA de Angola vem a Portugal em finais de Maio expor a gravidade da situação, sugerindo a necessidade de uma nova cimeira, para a qual o MPLA e a UNITA não se opunham totalmente. Este Movimento ocupava uma posição fortalecida em Nova Lisboa, endurecendo o seu discurso contra Portugal. 

Os três movimentos encontram-se em Nakuru entre 16/21 de Junho, sem a presença de representante português, em princípio o Alto Comissário, em clara violação dos Acordos do Alvor. O comunicado final, «...omite, ostensivamente qualquer referência a Portugal, mas tinha aspectos positivos nomeadamente uma análise da situação que podia ser encarada, sem esforço, como uma séria autocrítica e que nos seus pontos fundamentais coincidia com os estudos que a CCPA vinha fazendo [15] . 

Embora este Acordo de Nakuru declarasse que os três presidentes «...afirmam solenemente renunciar ao uso da força como meio de solucionar os problemas e honrar os compromissos resultantes do Acordo...» [16] , os resultados práticos foram nulos e caminhava-se para a guerra civil generalizada. 
O MPLA lança a batalha de Luanda para expulsar a FNLA da capital, o que consegue. A FNLA, de acordo com Pezarat Correia, «tinha concentrado no Norte um forte exército, já com unidades do tipo convencional incluindo algumas forças do exército regular zairense, e inicia uma manobra para sul cujo objectivo é a ocupação de Luanda» [17] , ocupando nos finais de Julho os distritos do Zaire e do Uíge. A UNITA domina o planalto central expulsando as forças do MPLA e da FNLA dos distritos do Huambo e do Bié. 

É a escalda da guerra civil com os movimentos a ocuparem partes do território, o que podia conduzir à balcanização de Angola. As forças militares portuguesas ainda espalhadas pelo território foram concentradas nas principais cidades para evitar serem envolvidas nos conflitos entre movimentos e em relação a Luanda é dada ordem de impedir qualquer tentativa de entrada da FNLA na capital. Ao pedido da parte portuguesa a Lisboa de reforço de meios, apenas é disponibilizada uma companhia de pára-quedistas (cerca de 120 homens). 

Portugal vivia um processo complicado e era difícil, sobretudo os partidos políticos colocarem nas suas listas de prioridade o problema de Angola. Não dava votos. É o Presidente da República que assume o controlo mais directo do processo, para o que sentiu a necessidade de criar junto a si um Gabinete de Angola a fim de ter uma ligação mais directa com Luanda e ter disponível informação em tempo oportuno. Eu vim integrar esse Gabinete como elemento ligado ao processo desde o princípio e conhecedor da situação que se vivia em Angola (finais de Junho de 1975) onde, juntamente com o Cor. Passos Ramos que como elemento da Comissão Nacional de Descolonização estivera no Alvor, passámos a assessorar o P.R. no que à descolonização de Angola dizia respeito. 

Em 30 de Julho o Alto Comissário, General Silva Cardoso, demite-se sendo substituído pelo Almirante Leonel Cardoso. Perante o não funcionamento dos órgãos previstos no Acordo do Alvor e a permanente violação do acordado, Portugal decide suspender parcialmente o Acordo de Alvor, o que levantou delicados problemas em termos de direito internacional, tendo sido incumbidos de estudar uma solução jurídica para o assunto a Professora Magalhães Colaço da Faculdade de Direito de Lisboa e o Dr. Miguel Galvão Teles. Entretanto no território, verifica-se a internacionalização do conflito: Zaire, África do Sul e Cuba intervêm em apoio aos diferentes movimentos 

Em vésperas da independência estava iminente o ataque a Luanda em duas frentes. Mas o MPLA/Cubanos resistiram e a capital permaneceu em poder do MPLA graças à destruição da ponte sobre o rio Queve que deteve a coluna que se aproximava de sudeste e da coluna do FNLA, integrando mercenários portugueses, ter sido derrotada na batalha do Kifandongo. [18] 

Em reunião da Comissão Nacional de Descolonização de dia 09 de Novembro é decidido o envio de uma Delegação a Luanda em representação de Portugal no momento da declaração de independência de Angola, chefiada pelo Almirante Victor Crespo e na qual eu me integrava. Por decisão do Governo foi travada a ida dessa delegação a Luanda, pelo que a independência da República Popular de Angola foi proclamada sem a presença de qualquer representante da antiga potência colonizadora, Portugal. 

A 10 de Novembro, pelas dezoito horas, o Alto Comissário leu uma proclamação em nome da República Portuguesa, reconhecendo a independência do Estado Angolano e a entrega da soberania ao povo angolano a quem compete decidir das formas do exercício da soberania, após o que a última bandeira portuguesa símbolo da soberania portuguesa em África foi arriada e o Alto Comissário e comitiva embarcaram numa fragata da Marinha de Guerra Portuguesa [19] . Às zero horas de dia 11 de Novembro de 1975 estava fora das águas territoriais angolanas, navegando rumo a Portugal, enquanto o Dr. Agostinho Neto proclamava solenemente a República Popular de Angola, enquanto a FNLA e A UNITA proclamavam no Uíge e no Huambo a República Democrática de Angola, sem sucesso. 

Foi a única ex-colónia onde se proclamou a independência sem a presença de representantes oficiais de Portugal. Lamento o que considero um grave erro histórico que teve consequências no relacionamento entre os dois países, vindo Portugal a ser o 83.º país a reconhecer, tardiamente, o país independente que nascera da sua antiga colónia. """

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ÁGUA - uma cronica sem Kijila

Por: Rui Ramos
Meu nome é Dick quando proso e quando desproso como é o caso porque assunto é seco.
Nasci no bairro operário há 65 anos. Quando me conheci minha casa humilde era seca, quer dizer, não tinha água. Fiz todo a instrução primária sem água, tinha mãe acartava água sem parar. Nem casa de banho. Nem luz, o que tínhamos era um candeeiro de petróleo, alguém se lembra? Não? Não tem kijila. Então nos anos sessenta já estava a estudar no liceu, sim aquela liceu salvador correia cheio de brancos. Na minha turma tinha o Tony e o Magosa, algum tinha água do tubo em casa? Morde meu dedo. Como então estudávamos? Diferente de quem tinha luz eléctrica no quartinho. Nosso quartinho nem existia. Livros sombreados com candeeiro de petróleo. Minha santa mãe cozinhava com fogão primus, sabe o que é? Não? Não tem kijila.
Bons estudos, nunca reprovei nem eu nem eles.
No ano 1975 ainda sem água e sem luz.
Então naquele Novembro com o Kinfangondo em guerra, morteiros muitos água nunca.
Em 76 fui em Cabinda dar aulas sem casa. A única casa eu ocupei, bem lá em baixo ao pé do Kiloango. Lê Tchiloango. Sexto andar. Sem água. Minha água era subir seis andares a pé com garrafas de água castanha. E bebia. E tomava banho.
De volta em Luanda 1978 cheguei no paraíso, um rés do chãozinho modesto com torneira-raiz num tanquinho, sim quase em baixo da terra, então o povo fazia bicha, o povo isto é as senhoras, desde as 5h até ás 8h um pouco de água, eu pedia dá licença para me lavar para ir trabalhar. Sorte a minha. Quase 40 anos de vida e só aí com aquela aguinha das 6h às 8h. Ponto final.
No Serpa Pinto lá na baixa naquela torneira do jardim, mamãs serpenteavam ruas com banheiras, enche põe na cabeça, europeia gemia tem desvio na coluna, mamã de Luanda não tem coluna. Na Maianga também grande bicha sabe o que é bicha? não? Não tem kijila. Mas na Maianga também tinha uma torneirinha rentinha ao chão que oferecia sua água-benta.
(Continua)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Alguém disse a pouco que o problema da falta de "luji" não é só da EDEL e um outro amigo aqui também do FB disse-me a pouco e que na falta de aspirina paracetamol serve e lhe dei razão e cliquei no gosto do post dele.
O Degelo dos glaciares, a estiagem pelo país, a falta d'água no rio Kwanza, a ENE que "paia" a bendita "luji" na EDEL a muito que sabe do problema. Caramba, porque não encomendaram a ditas centrais térmicas com mais antecedência? Nós consumidores batemos e vamos continuar a bater na EDEL porque é com ele que assinamos os contratos e cabe a ele nos fornecer a "luji". Argumento nenhum socorre estes incompetentes da EDEL/ENE/EXECUTIVO, porque andaram a dormir e agora já é tarde demais e o pior gastaram a aguá toda da albufeira de Kapanda na campanha eleitoral e agora temos que viver de "luji" vai, "luji" vem. Estes camaradas deveriam ser exonerados, p... afinal para que nos serve o nosso petróleo?
 
by Cussendala in facebook

AS FOGUEIRAS CREPITANTES DE SAVIMBI


Angola sabe da sua própria experiência, como um homem, um único homem, pode provocar um sofrimento incalculável que vai para além de qualquer razão, senão a de procurar de forma desumana satisfazer a sua ambição pelo poder. E, Angola sabe quão rápida a paz pode ser abençoado uma vez que este homem é eliminado”

Há cerca de 20 anos Savimbi dirigiu um dos seus actos mais macabros na Jamba, seu antigo quartel-general. De lenço vermelho enrolado ao pescoço, farda verde e pistola à cintura, o líder da Unita lançava à fogueira dezenas de mulheres e respectivos filhos.
Os nomes das desafortunadas eram anunciados pela tenebrosa voz de Jonas Savimbi. Pouco depois, mulheres e crianças, arrastadas por soldados armados, ardiam em chamas flamejantes.
A morte de Vitória, uma bela jovem benguelense, marcou de forma significativa os espectadores de tão triste teatro. Perante a iminência da morte, Vitória dispensou que fosse arrastada por soldados, dirigiu-se ao fogo com os próprios pés e lançou-se, sendo aí consumida pelas chamas até às cinzas. A jovem não soltou um único grito e, ante o fatídico momento, fitou o líder da Unita e profetizou: Tu não vais vencer e o teu fim será triste.
No dia 22 de Fevereiro de 2002, Jonas Savimbi é crivado de balas disparadas por homens de uma unidade de elite das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional. Cumpria-se, assim, a profecia de Vitória, 19 anos depois.
Há sete anos, os Soares & companhia lançaram, em Portugal, um livro que elogia feitos de Jonas Savimbi. Quase ao mesmo tempo, em Luanda, a Comissão Política da Unita organizou uma cerimónia de homenagem ao seu “mano mais velho”.
A cerimónia de Luanda e o lançamento do livro em Lisboa contaram com a intervenção e o apoio de conhecidos “defensores” dos direitos humanos em Angola. Nestes actos foram enaltecidos feitos de um homem que queimou crianças em fogueiras, abriu à baioneta ventre de mulheres grávidas, destruiu cidades, vilas, escolas, fábricas, estradas...
Homenagear Savimbi é derramar lágrimas de crocodilo sobre as cinzas de crianças, mulheres e outros inocentes que arderam nas fogueiras da Jamba, no comboio de Zenza do Itombe e não só. E quando gestos destes engajam portugueses, demonstra bem a cumplicidade na morte de compatriotas seus em vários pontos de Angola, cuja memória mais recente é da família Viola, no Ambriz. Mais argumentos, seria exercício de mera retórica, diante da perversidade dos crimes cometidos. Savimbi incentivou o seu exército a destruir pontes, atacar cidades e, nos últimos tempos, a massacrar todos os estrangeiros que fossem capturados. Provas irrefutáveis foram divulgadas através de cassetes de vídeo apreendidas pelas FAA.
Por isso, os actos de alguns dos “nossos” mais mediáticos humanistas, resvalam dos princípios por que dizem pugnar.
Aliás, Justino Pinto de Andrade foi o primeiro a exaltar a memória de Jonas Savimbi após a sua morte, num espaço de crónicas que subscreve na Rádio Eclésia. Tratou-se de uma demonstração de afecto por um homem que violou dois acordos de paz, dizimou a família Chinguji e pactuou com o regime do apartheid da África do Sul.
Por isso, faço minha a posição de um intelectual português que classifica a morte de Jonas Savimbi como uma verdadeira tragédia, porque deveria ter acontecido 30 anos antes do dia 22 de Fevereiro de 2002.
Ainda hoje, o choro de mulheres e crianças a arder em chamas na Jamba, ecoa nos ouvidos das pessoas de bem que assistiram à carnificina. Mas não é suficiente para tocar a sensibilidade de alguns dos nossos “defensores” dos direitos humanos.
Quanto cinismo, meu Deus!

Raimundo Salvador - Jornalista angolano

quinta-feira, 26 de julho de 2012

“A UNITA embarcou numa aventura”, General Numa em entrevista à VOA


Quando os historiadores se derem ao trabalho, se é que já não o estão a fazer, de investigar a identidade e o papel de actores estrangeiros na guerra que se seguiu às eleições de 1992, o nome da companhia sul-africana Executive Outcomes, EO eventualmente aparecerá nas primeiras linhas.

Esta empresa foi citada várias vezes, e por várias fontes, como tendo servido ambas partes do conflito: primeiro a UNITA, e depois o Governo.

Supostamente fê-lo fornecendo precioso know-how.

Três anos depois do fim da guerra, o assunto permanece quase "impenetrável".

A EO foi desactivada, e o que resta desta está inacessível; o governo não se abre, e a UNITA, diz na voz do general Numa que ela nunca teve contactos com a EO. Entrevistado recentemente pela Voz da América o general Abílio Camalata Numa, ao tempo chefe das Operações, disse que a relação da UNITA com instituições sul-africanas, terminou pouco antes da independência da Namíbia, e em momento algum ela passou pela Executive Outcomes.

General, já ouviu certamente alegações que dão como certa um "casamento" entre a UNITA e a Executive Outcomes..na verdade o que foi que se passou?
Tivemos uma relação com o governo sul-africano da era do aparthied, de 1979,
até a fase de transição para a independência da Namíbia. Depois disso nos
emancipamos, e começamos a conduzir a nós próprios. Em 1991, em face de
fragilização das estruturas do governo em quase todo o país, conseguimos
conquistar uma certa supremacia no terreno, controlando áreas de diamantes, o
que por sua vez nos permitiu ter dinheiro para comprar armas e sustentar a
diplomacia. Na verdade nunca tivemos uma relação com a EO. Tivemos sim, numa
fase posterior, uma certa abertura com países do leste europeu, que foi resultado do desmantelamento das estruturas destes países. Estavam um pouco desorganizados. Houve aí também um certo oportunismo por parte das elites militares daqueles países que começaram a negociar armamento. Tivemos relações com estes, mas nunca tivemos nada com a EO.
A que país se refere exactamente?
Refiro-me à Ucrânia. Foi com armamento obtido na Ucrânia que sustentamos os
primeiros confrontos em 1999; foi com este material que a UNITA conseguiu
desbaratar a primeiras unidades que se encaminhavam para o Andulo e Bailundo,
o que criou um certo status-quo na situação militar em todo o país. A situação mudou-se posteriormente, como resultado em parte, de problemas internos da UNITA que penso serem do conhecimento de todos.
Comunicação e abastecimento foram coisas que seguraram as tropas da UNITA até, pelo menos 2000, quando as sanções começaram a apertar .. como é que as coisas eram feitas até aí?
O que não conseguíamos aos camponeses cá dentro, íamos buscar lá fora,
sobretudo ao Zaire. Quando Mobutu sai da cena política, a UNITA virou-se para
frentes como a Ucrância de onde partiam aviões de grande porte para o Andulo.
Isto permitiu-nos sustentar a guerra durante muito tempo.
Depois houve uma reviravolta .. houve sanções...Que impacto tiveram as
sanções na capacidade de resposta das tropas da UNITA?
A reviravolta que se deu, foi em função da situação interna da própria UNITA, e não porque as FAA tivessem tido uma supremacia no terreno. Foi exactamente ao contrário. Dos antigos cabos de guerra que a UNITA tinha, tinham sobrado muito poucos....eu , o Bock, e depois nós tínhamos os nossos lugar-tenentes como o Tarzan, o Antero..e outros oficiais que poderia nomear .. e foi esta base que foi destroçada internamente por questões políticas.
Surgiu uma nova geração de oficiais que continuou a sustentar a guerra, mas não podiam dirigi-la de forma vitoriosa, porque enfim, tinham deficiências, não tinham experiência.
Está a sugerir que do ponto de vista logístico, a UNITA estava em condições
de competir com as tropas do Governo?
Estava sim senhora! A UNITA podia sustentar uma guerra. Mas deixa-me ser franco .. nunca acreditei numa vitória militar quer do governo quer da UNITA.
Eu sempre acreditei numa vitória negocial do povo angolano para se ultrapassarem algumas debilidades que persistem até hoje .. sempre acreditei numa vitória que pudesse amenizar estas situações .. Infelizmente a UNITA embarcou numa estratégia aventureira, que permitiu o desmantelamento das suas bases de sustentação, e posteriormente não conseguiu com os oficiais que colocou na ribalta ,controlar a guerra.
Ao que é que se refere quando fala de estratégia aventureira?
A UNITA conseguiu ter tanques, a UNITA conseguiu ter carros de assalto, a UNITA conseguiu ter uma artilharia reactiva de alto calibre ..Tudo isto criou formas de ver as coisas de ânimo leve. Se este arsenal todo estivesse a ser comandado por oficias competentes, oficiais que no passado tinham dado mostras de valor na condução de homens, na elaboração de estratégias e de políticas, a UNITA poderia chegar a uma situação de equilíbrio com o governo, e fazer uma negociação mais equilibrada.
A queda do Bailundo e do Andulo, terá sido, no seu entender resultado das
insuficiências das elites que fala?
Deixa-me dizer-lhe uma coisa: eu fui preso no dia 15 de Novembro de 1998..Logo, quando inicia a segunda fase da guerra, apenas tomei parte na elaboração dos planos, e não tomei parte na condução das tropas. Eu era o chefe das operações....o general Bock, que era o chefe do EM, participou na fracassada batalha do Kuito, depois disso foi retirado, já na altura o general Vatuva por razões que só o tempo esclarecerá já tinha sido afastado, o Tarzan estava preso, havia outros oficiais que também já não fazia parte do comando de tropas .. é assim.. a base que poderia sustentar a guerra de forma mais equilibrada tinha desaparecido.
A sua prisão e do general Tarzan, foram feitas por ordem de Jonas Savimbi ..
certo?
Exacto.
General..mas faltaram naquela altura por parte UNITA sinais de que ela
estava de facto à procura de uma solução negociada.
Eu disse antes que a UNITA não poderia perseguir de uma estratégia de
vitória militar...A nível internacional as diplomacias ,as correntes de
pensamento e os movimentos que se sentiam não permitiam .. Logo, só tínhamos
uma saída: combinar a estratégia diplomática..com estratégias políticas e militares. Fizemos isso durante a guerra, com o Adalberto que estava na Itália, o próprio Samakuva que estava em Paris, o Jardo que estava em Washington .. enfim .. todos fizeram parte da cadeia do pensamento do partido sobre uma aproximação ao governo...
Nunca percebi porque razão é que a UNITA levou muito tempo a admitir que
tinha perdido o Bailundo e o Andulo.. Foi para evitar a desmoralização maior
das tropas?
A UNITA não perdeu tempo .. o Governo estava à vontade para reivindicar , só que não fez quando as pessoas esperavam porque não lhe convinha.
Lembro-me de ter falado com várias fontes da UNITA que estavam no interior, e nenhuma delas admitiu a queda destas duas localidades .. pareceu-me que estavam à espera que fosse o governo a fazer isso.
Luís.. não sei se se recorda .. depois da queda do Bailundo e do Andulo, eu fiz uma entrevista consigo depois destas duas batalhas na qual que dizia que a UNITA tinha perdido uma batalha, mas que não tinha perdido 85 por cento da sua capacidade militar .. não sei se se recorda...
Lembro-me .. mas o que se viu das imagens que o governo passou para o mundo é que a UNITA tinha perdido muita coisa....incluindo informação militar estratégica..
O arsenal pesado a UNITA tinha perdido quase todo. Tínhamos ficado com capacidade política e de organização militar que poderíamos reconverter em
unidades de guerrilha, que é uma doutrina que a UNITA conhece bem, e que
poderia levar a bom termo sem grandes problemas ..Se formos a olhar para trás veremos que esta guerra teve capítulos muito importantes ..A UNITA teve grandes vantagens no norte; em Benguela as nossas tropas tinham iniciativa e gozavam de liberdade de acção...
Suponho que estava com Jonas Savimbi quando o Presidente José Eduardo dos Santos, creio que a 18 de dezembro de 2001, descreveu os famosos três cenários reservados a Jonas Savimbi...: renúncia à guerra, deposição das armas e regresso ao protocolo de Lusaka, captura em combate e encaminhamento à justiça, morte em combate assumindo ele mesmo ( Jonas Savimbi) a responsabilidade ..qual foi a reacção de Jonas Savimbi?
O Dr Savimbi tinha entendido a mensagem, também tinha entendido as posições
que as grandes potências tinham tomado em relação ao conflito e a ele . Ele tinha entendido. O pensamento dele naquele altura já era de um cessar-fogo.
Ele aproximou as estruturas do partido para se falar do cessar-fogo. Eram estas as instruções que o partido estava a passar para fora a ver se saíssemos de uma situação de guerra para situação negocial ..O governo tinha outra estratégia.
A leitura que as algumas correntes fizeram na altura é que Jonas Savimbi de
facto ia por aí, mas os cenários descritos pelo Presidente levaram-no a
inflectir para a radicalização...caiu numa armadilha.
Olhe, depois de termos recuado do Andulo e do Bailundo, poderíamos eventualmente radicalizar as suas posições, para procurar vantagens militares, mas sempre com finalidade de no momento exacto negociar. A UNITA já não tinha a pretensão de continuar a fazer guerra só por fazer.. A guerra visava sempre buscar posições negociais vantajosas...
Se falar com fontes autorizadas do Governo dir-lhe-ão seguramente que a
UNITA naquela altura já tinha perdido a guerra há muito tempo.
Luís .. cada uma das partes tem a sua forma de ver o problema ..Se no cenário da guerra tivéssemos todos as mesmas armas, de certeza que não haveria aqui ninguém a dizer que ganhou. O que aconteceu é que tínhamos as mãos atadas ..As sanções foram muito duras ..tiveram efeito sobre as populações..
Em que aspecto?
As populações deixaram de ter assistência primária para a sua auto-sustenção .. medicamentos, alimentos .. bens primários.
E como foi que isto afectou a UNITA?
Vejamos..com as populações que apoiavam a UNITA completamente debilitadas
..a UNITA sentiu-se afectada ..Estas populações começaram a ser capturadas ..Seguiu-se uma política de esterilização das áreas sob controlo da UNITA.. a captura maciça de milhares de populares e a sua deslocação para os centros de acolhimento também teve efeitos.
Até que ponto é que as sanções pesaram nos custos das compras que a UNITA fazia?
Afectaram muito .. A UNITA conseguia os meios que conseguia em parte como
resultado da experiência de quadros nossos que estavam na clandestinidade ..e
as sanções tiverem efeito até nisso..
O senhor estava com Jonas Savimbi..a este nível também se sentia os efeitos das sanções?
Absolutamente.. Depois de recuarmos e te de termos perdido os aeroportos,
deixamos de ter condições para receber meios que nos permitissem continuar com a guerra, sobretudo no Kuando Kubango e Moxico ..Os que estavam mais a norte e no centro, encontraram formas de agilizar linhas logísticas ; funcionaram as linhas logísticas do camarada Apolo, funcionaram também ainda que de forma débil as linhas que estávamos a criar a partir da Zâmbia.
O governo dá crédito com alguma razão, às pessoas da UNITA que foram sendo capturadas e que foram dando pistas sobre a situação da UNITA e o paradeiro de Jonas Savimbi...
Luís ..numa guerra o elemento fundamental é a informação ..se tiver informação, tem 70 por cento da guerra ganha ..Toda a informação que obtinham eram de pessoas famintas, que não tinham alternativa ..Tivemos oficiais que estavam próximos da direcção, que se renderam e que deram informações ao governo que permitiram planificar melhor as operações.
A fome também atingia o generalato da UNITA?
Absolutamente. Nos tivemos problemas sérios no fim, sobretudo com a ofensiva ..Internamente tivemos problemas de direcção, estes problemas não permitiram mudarmos a direcção da guerra em termos organizacionais, não fizemos isso por causa da inércia política que nos afectava internamente ..e a área que escolhemos para resistir acabou por resultar numa emboscada fatal ..Tivemos casos como do Kapapelo que morreu à fome ..muita mais gente ..gente garbosa, valente, ..por um pouco íamos perdendo o camarada Alcides...
Jonas Savimbi morreu a 22 de Fevereiro.. que agenda tinha ele para o dia
seguinte ..não tivesse ele morrido quando morreu?
Eu fiquei com ele de 19 a 22 , dia em que morreu ..Nestes dias fomos conversando ..Dias antes o Senhor Kalias, debilitado, deixou de acompanhar a
nossa marcha, logo passei a fazer o trabalho do senhor general Kalias, e
naquela altura a estratégia era única ..sobreviver ..sobreviver para negociarmos, sobreviver para unirmos o partido ..esta era uma estratégia bem clara na mente do Dr Savimbi... por outro lado, nós também nos interrogávamos...O Dr Savimbi encontrava-se numa situação difícil, em função das posições que os interlocutores da arena política quer internos quer externos tinham para ele ..para estas pessoas o Dr Savimbi era personna non-grata. E ele sabia disso ..mas para a direcção do partido, a estratégia era sobreviver para negociarmos e unirmos o partido ..sabíamos que existia a questão da Renovada, que era um problema sério para nós.
Mas em termos concretos para onde iriam? Era um lugar inóspito ..estavam
cercados ..que mais podiam fazer ali onde estavam?
Continuávamos a manobrar ..Era o grupo da presidência ..o Dr Savimbi, o
camarada Dembo e outros oficiais .O camarada Gato tinha sido chamado para ir
ao nosso encontro ..Continuávamos a manobrar na área exactamente para
reunirmos mais alguns quadros. Isto tudo ocorre depois da 16ª conferência ..O
Dr Savimbi pensou que o camarada Gato deveria vir com mais outros quadros
para uma outra reunião que tivesse efeitos decisórios sobre a estratégia que
ele foi evocando a partir da 16ª conferencia ..então fomos manobrando..
Houve sugestões de que o dr Savimbi estava a aguardar mantimentos que
deveriam chegar pelas mãos de um general que acabou por morrer.
O generais que estavam ali a organizar a logística eram o camarada BlackPower , e o general Vinama.. e ele estão vivos...
General ..a UNITA passou pelo que passou, o Dr. Savimbi teve uma comissão de gestão, hoje tem um novo presidente ..que lhe parece a trajectória que a UNITA fez...
A UNITA tem espaço em Angola, mas também tem de olhar para si, e entender
que perdeu importantes pilares da sua estrutura ..não será em pouco tempo que conseguiremos construir isso. Esperamos que o camarada presidente Samakuva entenda isso ..ele tem de se virar para ai, para reconstruir estes pilares perdidos da UNITA, reconstruir a unidade do partido, para nos próximos anos pensarmos em vitórias, porque a UNITA está fadada a ganhar.
As próximas eleições?
Não lhe vou responder, até porque não estou no activo ..não conheço bem quais são as forças que o partido está a mobilizar as forças que o partido está a agitar, a força dos quadros que estão no terreno, mas tenho a certeza de que a UNITA não irá decepcionar?
Este seu afastamento, é visto por algumas correntes dentro e fora da UNITA
como sendo resultado em parte das fricções que houve por altura da eleição do novo presidente ..Estes problemas estão ultrapassados?
Este meu auto-afastamento deve-se exclusivamente a uma razão que já expliquei ao presidente do partido: sou dos quadros que mais tempo ficou no interior; fui para o em 1974 quando me juntei à e ai continuei até ao fim da guerra. É altura de olhar para a minha formação ..quero formar-me, e voltar com mais força para contribuir quer para o partido quer para o país ..pois acho que a mentalidade tem que mudar ..temos que vestir primeiro a camisola do país, e depois a camisola do partido ..o que se passa hoje é o contrário ..As pessoas vestem primeiro a camisola do MPLA , da UNITA, da FNLA.. As pessoas partem dos partidos para Angola ..não deveria ser assim.. deveriam partir de Angola para os seus partidos.

Fonte:VOA(Luís Costa) 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

DONA EUROPA E SUAS DUAS FILHAS

Frei Betto

Dona Europa livrou-se, há séculos, da tutela do Senhor Feudal, ao qual esteve submetida ao longo de mil anos. Cabeça feita por Copérnico, Galileu e Descartes, casou-se com o Senhor Moderno Liberal e montou casa no bairro da Democracia.

Dona Europa puxou o tapete dos nobres, deu um chega pra lá no papa e elegeu governos constitucionais que trocaram a permuta pela moeda, evitaram fazer uso de mão de obra escrava, transformaram antigos camponeses em operários merecedores de salários.

Dona Europa passou a nutrir ambições desmedidas. Fitou com olho gordo o imenso mapa-múndi que enfeitava a sala de sua casa. Quantas riquezas naquelas terras habitadas por nativos ignorantes! Quantas áreas cultiváveis cobertas pela exuberância paradisíaca da natureza!

Dona Europa lançou ao mar sua frota em busca de ricas prendas situadas em terras alheias. Os navegantes invadiram territórios, saquearam aldeias, disseminaram epidemias, extraíram minerais preciosos, estenderam cercas onde tudo, até então, era de uso comum.

Dona Europa praticou, em outros povos, o que se negava a fazer na própria casa: impôs impérios, reinados e ditadores; inibiu o acesso à cultura letrada; implantou o trabalho escravo; proibiu a industrialização; internacionalizou normas econômicas que lhe eram favoráveis, em detrimento dos povos alhures.

Um dos povos de além-mar dominados por Dona Europa ousou rebelar-se em 1776, emancipou-se da tutela e se tornou mais poderoso do que ela – o Tio Sam.

O professor Maquiavel ensinou à Dona Europa que, quando não se pode vencer o inimigo, é melhor aliar-se a ele. Assim, ela associou-se a Tio Sam para exercer domínio sobre o mundo.

Dona Europa e Tio Sam acumularam tão espantosa riqueza, que cederam à ilusão de que seriam eternos o luxo e a ostentação em que viviam. Tudo em suas casas era maravilhoso. E suas moedas reluziam acima de todas as outras.

Ora, não há casa sem alicerce, árvore sem raiz, riqueza sem lastro. Para manter o estilo de vida a que se acostumaram, Dona Europa e Tio Sam gastavam mais do que podiam. E, de repente, constataram que se encontravam esmagados sob dívidas astronômicas. O que fazer?

A primeira medida foi a adotada em turbulência de viagem de avião: apertar os cintos. Não deles, óbvio. Mas de seus empregados: despediram alguns, reduziram, os salários de outros, deixaram de consumir produtos importados. Assim, a crise da dupla se alastrou mundo afora. 

Dona Europa e Tio Sam não são burros. Sabem onde mora o dinheiro: nos bancos. Tio Sam, ao ver o rombo em sua economia, tratou de rodar a maquininha da Casa da Moeda e socorreu os bancos com pelo menos US$ 18 trilhões.

Dona Europa tem várias filhas. Segundo ela, algumas não souberam administrar bem suas fortunas. A formosa Grécia parece ter perdido a sabedoria. Gastou muito mais do que podia. Os mesmo aconteceu com a sedutora Itália, a encantadora Espanha e a inibida Irlanda.

Como o cofre da família é de uso comum, Dona Europa se cobriu de aflições. Puniu as filhas gastadoras e apelou à mais rica de todas, a severa Alemanha, para ajudá-la a socorrer as endividadas. 

A Alemanha é manhosa. Disse que só socorre as irmãs se puder controlar os gastos delas. O que significa cortar as asinhas das moças – o que em política equivale a anular a soberania. 

Soberana hoje, na casa de Dona Europa, só a pudica Alemanha. O resto da família é dependente e está de castigo. A mais cheirosa das filhas, a França, anda rebelde. Após aparecer de mãos dadas com a Alemanha, agora que arrumou namorado novo encara a irmã com desconfiança. 

Nós, aqui do sul do mundo, que ainda não cortamos o cordão umbilical com Tio Sam e Dona Europa, corremos o risco de ficar gripados se Dona Europa continuar a espirrar tanto, alérgica ao espectro de um futuro tenebroso: a agonia e morte do deus Mercado, cujos fiéis devotos mergulharam em profunda crise de descrença.

Frei Betto, intelectual, é um renomado intelectual brasileiro

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Saiba porquê que os macacos são tão felizes


Por: Reginaldo Silva in facebook
A banana contém três açúcares naturais - sacarose, frutose e glicose, combinados com fibra. A banana dá uma instantânea e substancial elevação da energia. 
 Pesquisas provam que apenas duas bananas fornecem energia suficiente para um treino de 90 minutos extenuantes. Não é à toa que a banana é a fruta número um dos maiores atletas do mundo. 
 Mas energia não é a única forma de uma banana poder nos ajudar a manter a forma. Pode também nos ajudar a curar ou prevenir um grande número de doenças. Tornando-se uma obrigação adicionar a banana à nossa dieta diária.  
   
 Depressão: De acordo com recente pesquisa realizada pela MIND, entre pessoas que sofrem de depressão, as pessoas se sentiam melhores após ter comido uma banana. Isto porque a banana contém triptofano, um tipo de proteína que o corpo converte em seratonina, reconhecida por relaxar, melhorar o seu humor e, geralmente, fazem você se sentir mais feliz. 

 TPM Esqueça as pílulas - coma uma banana. A vitamina B6 regula os níveis de glicose no sangue, que podem afetar seu humor. 
 Anemia: contendo muito ferro, bananas estimulam a produção de hemoglobina no sangue e ajudam nos casos de anemia. 
 Pressão Arterial: Este fruto tropical é muito rico em potássio, mas reduzido em sódio, tornando-a perfeita para combater a pressão alta. Tanto é assim, que a Food and Drug Administration nos Estados Unidos, permitiu que a indústria da banana oficialmente informasse ao publico, que ao comer essa fruta, ela poderá reduzir o risco de pressão alta e infarto.
   
Cérebro: 200 estudantes da escola Twickenham na Inglaterra tiveram ajuda nos exames este ano, comendo 

bananas no café da manhã, lanche e almoço em uma tentativa de elevar sua capacidade mental. A pesquisa mostrou que o elevado teor de potássio na banana, pode ajudar a aprendizagem, tornando os alunos mais alertas.  
Constipação: com elevado teor de fibra, incluir bananas na dieta pode ajudar a normalizar as funções intestinais, ajudando a superar o problema sem recorrer a laxantes.  
 Ressaca: uma das formas mais rápidas de curar uma ressaca é fazer uma vitamina de banana, adoçado com mel. A banana acalma o estômago e, com a ajuda do mel aumenta os níveis de açúcar no sangue, enquanto o leite suaviza e rehidrata o sistema.  
Azia: elas têm efeito antiácido natural no organismo, por isso, se você sofre de azia, experimente comer uma banana para aliviar.

Enjoo matinal: comer uma banana entre as refeições ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue elevado e evita as náuseas. 
 Picadas de mosquito:  antes do creme para picada de insecto, experimente esfregar a zona afectada com a parte interna da casca da banana. Muitas pessoas acham excelentes para reduzir o inchaço e a irritação. 

  
Nervos: Bananas são ricas em vitaminas do complexo B que ajuda a acalmar o sistema nervoso.
Excesso de peso e no trabalho? Estudos do Instituto de Psicologia na Áustria mostram que a pressão no trabalho leva à excessiva ingestão de alimentos como chocolate e biscoitos. Estudando 5000 pacientes em hospitais, pesquisadores concluíram que os mais obesos eram os que mais sofriam de pressão alta e ataques de ansiedade. O relatório desse estudo, concluiu que: para evitar que comamos biscoitos e doces quando estamos ansiosos, então é necessário que se coma alimentos ricos em carboidratos a cada duas horas para manter níveis estáveis de açúcar no sangue, e é aí que entra a nossa querida banana.  
Úlceras: A banana é usada na dieta diária contra desordens intestinais pela sua textura macia e suavidade. É a única fruta crua que pode ser comida sem desgaste em casos de úlcera crónica. Também neutraliza a acidez e reduz a irritação, protegendo as paredes do estômago. 
 Controle de temperatura: Muitas culturas vêem a banana como fruta 'refrescante', que pode reduzir tanto a temperatura física como emocional de mulheres grávidas. Na Tailândia, por exemplo, as grávidas comem bananas para os bebês nascerem com temperatura baixa.

Seasonal Affective Disorder (SAD): a banana auxilia os que sofrem SAD, porque contêm a vitamina B6 e Triptofano, que nos acalma e nos faz ficar bem humorados. 
 Fumar e Uso do Tabaco: As bananas podem ajudar as pessoas que tentam deixar de fumar. Vitaminas - A, B6 e B12, assim como o potássio e magnésio, ajudam o corpo a recuperar dos efeitos da retirada da nicotina. 
 Stress: O potássio é um mineral vital, que ajuda a normalizar os batimentos cardíacos, levando oxigênio ao cérebro e regula o equilíbrio de água no corpo. Quando estamos estressados, nossa taxa metabólica se eleva, reduzindo os níveis de potássio que podem ser reequilibrado com a ajuda da banana, que é rica em potássio. 
 Enfarto: de acordo com pesquisa publicado no New England Journal of Medicine, comer bananas como parte de uma dieta regular, pode reduzir o risco de morte por enfarto em até 40%! 
 Verrugas: os interessados ??em alternativas naturais juram que se quiser eliminar verrugas, pegar um pedaço de casca de banana e colocá-lo sobre a verruga, com o lado amarelo para fora. Segure cuidadosamente a casca no local com esparadrapo!

Assim, a banana é um remédio natural para muitos males. Quando você compará-lo com uma maçã, tem quatro vezes mais proteínas, duas vezes mais carboidratos, três vezes mais fósforo, cinco vezes mais vitamina A e ferro e o dobro das outras vitaminas e minerais. Também é rica em potássio e é um dos alimentos mais valiosos para nossa saúde. Então talvez seja hora de mudar essa frase em inglês, tão conhecida: 1 apple a day, keep the doctor away, e que nós traduzindo deveríamos usar: "Uma banana por dia mantém o doutor sem freguesia!" 

 PASSE PARA OS AMIGOS PS: Bananas devem ser a razão pela qual os macacos são tão felizes o tempo todo! Vou acrescentar uma dica aqui; quer um brilho rápido nos sapatos? Pegue a parte de DENTRO da casca da banana e esfregue diretamente sobre o sapato... Passe após, um pano seco. Fruto incrível!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Antigo ministro da FLEC acusa colegas de corrupção



Luís Costa ex-líder da FLEC

Luís António da Costa escolheu ser “Futuro”. Era esse o seu nome de guerra na FLEC, onde desempenhou o cargo de ministro da Saúde. É um veterano da organização: “tinha apenas 19 anos quando fui incorporado, no Baixo Congo, aldeia de Tombo Yanga, distrito do Tshela, em Janeiro de 1976. Nasci em Março de 1957, no Buco Zau. É só fazer as contas aos anos que militei na organização”. Regressou a casa em Agosto de 2011. Só agora, tantos anos volvidos, “a palavra futuro começa a fazer sentido na minha vida. Mas como eu, há milhares de vítimas dos que não têm limites para as suas ambições. O futuro, afinal, está aqui, nesta grande Angola, que recebe todos os seus filhos de braços abertos”.

Jornal de Angola - Como aconteceu a sua ida para a FLEC?

Luís António da Costa -
 Como tantos jovens da minha geração, fui para a FLEC porque nos diziam que o petróleo era de Cabinda e devíamos exigir a independência para sermos todos ricos. Quem levantava dúvidas, eles diziam que tinham o apoio das grandes potências mundiais e dos países vizinhos. Se acenam a um jovem com riqueza, ele vai logo. Mas quando cheguei a Tombo Yanga encontrei tanta pobreza que pensei logo em voltar para casa. Mas os agentes da segurança, são implacáveis. Quem entra ali dificilmente volta a sair. Esta é a grande verdade.

JA - São tratados como prisioneiros da organização?


LAC -
 Pior. São tratados como propriedade da FLEC. Eu sou enfermeiro. Aprendi na escola a tratar todos os seres humanos em sofrimento, com toda a atenção e carinho. Mas nos centros de refugiados ou nas bases da FLEC não há carinho nem compaixão com ninguém e muito menos com os doentes, que são simplesmente abandonados. Aproveito esta oportunidade para pedir às organizações de defesa dos Direitos Humanos que ajudem aquelas pessoas, porque estão em grande sofrimento. O apelo é dirigido especialmente à Cruz Vermelha Internacional, uma organização que muito respeito. E peço aos elementos da segurança dos Congos e da FLEC que deixem sair quem quiser. As autoridades angolanas estão de braços abertos à espera deles.

JA - Onde fez o curso superior de enfermagem?

LAC -
 Fiz o curso médio na Missão Católica de Kuimba e o curso superior no Instituto de Saúde de Kinshasa. Foi devido à minha formação que fui nomeado ministro da Saúde do governo no exílio. Eu era da direcção da FLEC.

JA - Sendo um humanista, como se sentia numa organização que atacou a caravana desportiva do Togo e os jornalistas que a acompanhavam?

LAC -
 É preciso dizer a verdade. Os combatentes e dirigentes ficaram muito divididos por causa desse acto que eu considero terrorista. Foi a partir daí que a FLEC se dividiu. Hoje há a FLEC do Interior-Europa, a África, a do Norte, a do Sul, a dos Intelectuais, também chamada de “mpalabandistas”. Dentro das minhas possibilidades, mas não estive só nessa posição, influenciei a declaração de tréguas do presidente Alexandre Tati. Foi uma medida que eu considero verdadeiramente revolucionária. Daqui envio um apelo ao presidente Alexandre Tati: não se deixe levar pela voz dos oportunistas e mantenha a trégua.

JA - Não teme ser declarado traidor?

LAC -
 Traidores são os que comem o dinheiro que pedem para a revolução. Eu só temo pelas vidas de centenas de pessoas da FLEC que estão nos centros e bases dos Congos, num sofrimento que ninguém imagina. Entrei na FLEC com 19 anos e quando saí, há alguns meses, já tinha netos. Estive sempre nas matas. Passei fome e desafiei o perigo. Salvei vidas humanas. Traidores são os que fizeram da nossa luta um negócio asqueroso. Os que nos empurram para a morte, porque querem continuar a ganhar dinheiro à custa daquilo a que chamam a revolução cabindesa. Deviam chamar-lhe a revolução do dinheiro! É apenas isso que os move. São revolucionários de conta bancária e intelectuais da extorsão, do roubo e da aldrabice.

JA - Tem provas dessas acusações que faz?

LAC -
 Não gostava de entrar nesse campo, agora o mais importante é exigir que a comunidade internacional, as organizações dos Direitos Humanos, salvem centenas de pessoas daqueles campos de concentração onde estão a sofrer e sempre sob ameaça dos seguranças. Ali ninguém pode dizer, nem aos familiares, que vai fugir e regressar a casa. Muitos perderam a vida só porque manifestaram vontade de regressar a Angola. Aqueles seres humanos não têm comida, não têm medicamentos nem roupa: só fome, doença e nudez. Mas em Cabinda há alguns senhores, ditos intelectuais revolucionários, que sacam dinheiro aos empresários em nome da FLEC. Muitos trabalhadores do Malongo tiram dos seus salários 100 ou 200 dólares para a revolução. Mas nada chega às matas.

JA - Insisto, tem provas do que está a afirmar?

LAC -
 Prometi falar de tudo nesta entrevista e para honrar o meu compromisso vou dar um exemplo. A direcção da FLEC foi presa em Kinshasa. Falo de um acontecimento muito estranho, que um dia tem de ser esclarecido. Eu tinha acabado o curso superior de enfermagem e dirigia-me a um cyber-café para fazer pesquisas na Internet, porque estava a preparar a tese. No caminho recebi um telefonema de José Manuel Vaz, membro do bureau político da FLEC. Disse que a direcção ia reunir de urgência, para tratar de um assunto muito grave. Mandou-me ir para a Rua Shaba, na zona Kasavubu.

JA - O que tem isso a ver com desvio de dinheiro?

LAC -
 Tem a ver com traição e desvio de dinheiro. Na Rua Shaba liguei para José Manuel Vaz e ele disse que devia entrar num bar dessa rua, porque já estavam todos à minha espera. Entrei e, de facto, já lá estavam Alexandre Tati, nessa altura vice-presidente da FLEC, Estanislau Miguel Boma “Aparência”, o ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior General, Carlos António Moisés “Rótula”. Ministro do Interior e chefe da segurança, Alfredo Buanje “Aimé”, chefe das comunicações, Cristóvão Honório Mabiala “Crisse”, José Simba Mabiala, conselheiro do presidente Nzita Tiago e José Manuel Vaz. Eu já era o ministro da Saúde.

JA - Eram os mais altos dirigentes da vossa ala?

LAC -
 Aqui não há alas. Estamos em Agosto de 2009, só existia uma FLEC. Éramos os mais altos dirigentes da organização. Só faltava Nzita Tiago, que vive em Paris. Fiquei muito admirado por terem escolhido um local daqueles, num bairro movimentado. Juntar ali dirigentes como Alexandre Tati ou Estanislau Boma, parecia-me uma autêntica loucura. E tinha razão para os meus receios. Cerca de 20 minutos depois de começar a reunião, entrou no bar uma mulher que olhava para todos os lados, como que a ver se localizava alguém que procurava. Dei o alerta. Mas não fui ouvido.

JA - Porque desconfiou da mulher que entrou no bar?

LAC -
 Porque senti que ela entrou ali para confirmar a nossa presença. Houve uma breve discussão, eu e o Boma propusemos o fim da reunião mas a maioria venceu e continuámos. Nem cinco minutos depois a polícia entrou no bar de rompante. Os agentes estavam armados até aos dentes e mandaram-nos pôr as mãos no ar. O Boma disse-me que era melhor fugirmos porque eles não iam disparar num sítio cheio de civis. Mas mal ele disse isto, um agente mandou toda a gente para um canto. Ele percebia português. Fomos para a prisão de Kasavubu e cada um ficou na sua cela, excepto José Manuel Vaz, que ficou com os agentes.

JA - está a levantar suspeitas sobre esse membro do bureau político da FLEC?

LAC -
 Estou apenas a contar os factos. Mas digo já que alguém nos atraiu para aquela reunião. Houve ali dedo de um traidor ou de vários. Quero esclarecer que, para mim, o José Manuel Vaz teve um tratamento especial porque era o único que tinha os papéis em ordem. Acho que eles pensaram que se tratava do chefe do grupo. Teve direito a ficar no pátio da prisão. E ele conseguiu negociar com o dirigente da polícia a nossa libertação. Mas tínhamos que pagar cinco mil dólares. O Boma e o Rótula mandaram imediatamente contactar um cunhado do “Aimé”, congolês. Deram-lhe os contactos do Belchior Tati e do padre Congo, para eles mandarem o dinheiro.

JA - E eles mandaram os cinco mil dólares?

LAC –
 Sim, mandaram. E graças a esse dinheiro fomos todos libertados. Algum tempo depois, já em Ponta Negra, soube que Belchior Tati e o padre Congo puseram a circular na cidade de Cabinda que a direcção da FLEC estava presa em Kinshasa e era necessário dinheiro para nos resgatar, caso contrário era o fim da revolução cabindesa. Soubemos que um só empresário de Cabinda deu dez mil dólares. Outros deram à medida da dimensão dos seus negócios, mas todos entre mil e dez mil dólares. No Malongo também foi colectado muito dinheiro. Somando as empresas e os trabalhadores, eles devem ter recolhido mais de 100 mil dólares. Mas apenas nos mandaram cinco mil pelo cunhado do “Aimé”.

JA -Questionaram Belchior Tati e o padre Congo sobre o dinheiro em falta?

LAC -
 Eu exigi explicações mas Alexandre Tati disse que ia esclarecer o assunto pessoalmente. Nunca mais falei disso com ninguém. Falta dizer que os mil dólares que sobraram foram distribuídos em partes iguais por todos. Como a polícia congolesa nos confiscou os telemóveis, com a minha parte comprei um novo aparelho. Deixo aos leitores estes factos. Cada um que tire as suas conclusões.

JA - Agora que está em Cabinda, já falou com esses seus antigos companheiros?

LAC -
 Eu estou disposto a falar com toda a gente, até porque em dois ou três dias mandaram-nos os cinco mil dólares. Devo-lhes ter saído da prisão. Mas eles consideram-me inimigo, porque optei pela paz, pelo diálogo e pela revolução da verdade. Eu sei que as nossas verdades são perigosas, põem em risco os seus negócios. Mas entre os negócios dos chamados intelectuais de Cabinda e as vidas dos que sofrem nos centros de refugiados nos Congos eu estou do lado dos sofredores. Os ricos não precisam mais de mim.

JA - Quem são os ricos?

LAC -
 Toda a gente os conhece em Cabinda. Eles são da FLEC, do BAI, do BPC. Militam em todas essas causas lucrativas. Excepto o Raul Danda, que além dessas, ainda tem a ELF e a UNITA. Quanto mais o povo sofre, mais eles prosperam. Não contem comigo para isso. Já chega de miséria moral. É esta a mensagem que deixo ao Ivo Macaia, ao Polaco, ao padre Danda e a todos os outros. E faço-lhes um apelo: não lancem mais achas para a guerra. Mas se são assim tão guerreiros, apresentem-se sem documentos nem dinheiro, nas matas. Defender a guerra de barriga cheia e as contas bancárias milionárias, é muito fácil.

JA - O que faz agora?
LAC - Ainda tenho forças para ajudar na reconstrução de Angola. Em breve vou fazer um estágio profissional de seis meses na escola de saúde e num hospital. Quando terminar, vou dar o meu contributo como enfermeiro.


Fonte: JA

PROJECTO LIBOLO

Estive em Calulo, Libolo, a terra que me viu nascer, como congressista convidado ao Congresso Internacional Linguístico (20° Conferência Anu...