quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Senhora de 58 anos vive com dois maridos na mesma casa


Moçambique - Num caso que está a causar espanto e muitos comentários,  Micaela Mortar Zangatupe, 58 anos de idade, é a primeira poliandra conhecida em Moçambique. Ela tem dois maridos, com quem partilha o amor e convive na mesma casa, numa à-vontade, no distrito de Caia, província de Sofala.

Fonte: Diariomoz

Esta família reside na periferia da sede distrital, mais concretamente no bairro DAF. Apesar de ser uma área residencial bastante extens a, não foi difícil a nossa Reportagem localizar a casa onde o trio vive, dada a fama e curiosidade que esta coabitação detém na zona.
Chegados à residência, perguntámos se estávamos na casa do senhor Toalha, nome pelo qual é conhecido um dos maridos de Micaela. “É sim, mas quem são vocês” — respondeu e perguntou ao mesmo tempo o visado, cujo primeiro nome é Feliz (e não Félix, como erradamente foi registado oficialmente, segundo ele próprio explicou mais tarde).
A família é mais conhecida como sendo Feliz, por este ter sido o primeiro esposo de Micaela Mortar Zangatupe, cidadã que nasceu em 1952, na região de Canda, distrito de Gorongosa. Depois dos habituais cumprimentos e de nos identificarmos, serviram-nos um banquinho e uma esteira para nos sentarmos, ao que perguntamos ainda se estávamos na casa onde existe uma mulher com dois maridos.

Sem qualquer tipo de hesitação, Micaela respondeu imediatamente que “sim, é aqui. O outro marido é João Maguza”.

Maguza, irmão mais novo do já falecido régulo Sombreiro, de Caia, nessa altura estava ausente, algures na vila, tendo voltado mais tarde, após ter sido perseguido pela esposa.
DECLARAÇÃO DE AMOR

Na entrevista concedida ao “Diário de Moçambique”, cada esposo declarou que Micaela é sua “cara-metade”. Aliás, a própria poliandra disse que “eu amo estes dois homens, por isso, achei por bem casar e viver com eles aqui em casa”.

É verdade que estes senhores são seus maridos? — perguntamo-lo, tendo ela respondido com um “sim”, explicando que se casou primeiro com Feliz Toalha, com quem vive há vários anos.
O segundo marido passou a ser, “oficialmente”, conhecido por Feliz Toalha e a viver na mesma casa a partir de Abril do ano passado. Antes da “oficialização”, contou a poliandra, eram simplesmente amantes.

As relações amorosas entre Micaela e Maguza começaram há muito tempo. Os dois conheceram-se no mercado onde Micaela Zangatupe vende alguns produtos, a exemplo de rapé, conforme ela própria contou.

“Depois achei que ele deveria ser o meu segundo marido. Por isso, convidei-lhe para a casa e apresentei-lhe ao meu primeiro marido” — explicou, justificando que “tomei esta decisão porque eu já estava a passar mal, visto que Feliz já não consegue fazer trabalho aqui em casa” (...sorrisos).

Que tipo de trabalho Feliz não consegue em casa? — interrogamo-la. Depois de alguns minutos de silêncio, ela respondeu que “uma vez que este marido está cego, já não consegue construir uma casa e também não consegue fazer alguma coisa que possa render dinheiro para o nosso sustento. Por isso, arranjei outro marido que não é deficiente visual, este senhor João. Estive a sofrer muito, porque não conseguia nada para comer”.

Curiosamente, Micaela Zangatupe, camponesa, disse que gostaria que este trabalho jornalístico não quebrasse a relação que tem com os dois maridos, argumentando que “eu amo-os... não posso largá-los, pois são meus maridos”.

Argumentou que não pode abandonar o primeiro marido, porque passou por muitas dificuldades com ele, desde que se casaram até à altura da entrevista. “Não vai ser hoje que vou abandonar este marido” — afirmou, acrescentando que “também não vou deixar este meu segundo marido, porque o amo”.
Em Moçambique não é normal uma mulher ter mais do que um marido em simultâneo (poliandria), pois o habitual é um homem ter várias esposas ao mesmo tempo (poligamia).

Colocada esta questão à nossa entrevistada, ela respondeu nos seguintes termos:
—  “Sim, mesmo na minha tradição, sou de Gorongosa, não há isso, mas não vejo onde está o problema, pois o importante é os dois maridos não se chatearem, entenderem-se e saberem que estão com a mesma mulher, que lhes serve bem. Antes de trazer o segundo marido, conversei com o primeiro e ele concordou. Aliás, mesmo que não aceitasse, eu continuaria com o mesmo, porque foi minha vontade estar com dois maridos”.
DOIS MARIDOS NA MESMA CABANA
Por ser portador da deficiência visual, Feliz Toalha beneficiou de uma casa de alvenaria, construída no mesmo quintal. Trata-se de donativo da Cooperação Italiana concedido no âmbito de apoio às vítimas das cheias que assolaram o distrito de Caia, banhado pelo rio Zambeze.

Assim, a cabana passou a ser usada apenas pelo segundo marido de Micaela, esta que, cumprindo uma escala estabelecida, dirige-se à casa de alvenaria para satisfazer o primeiro esposo.

Mas antes da construção da segunda casa, Micaela juntava os dois maridos na mesma cabana, dormindo em esteiras separadas, sem registo de nenhum conflito.

É ainda curiso o facto de Feliz Toalha e João Maguza também partilharem os mesmos pratos na hora das refeições.

Registe-se que Micaela Zangatupe não tem nenhum filho, alegadamente porque não concebe. Foi por isso que, sabendo do seu problema, convenceu a sua sobrinha para se relacionar sexualmente com Feliz Toalha, com que teve cinco filhos, um dos quais já falecido.
É importante anotar ainda que o segundo marido de Micaela Zangatupe tem também outra esposa, a primeira, que vive no bairro Sombreiro, muito distante do DAF.

CORAÇÃO NO LUGAR
Feliz Toalha, de 52 anos de idade, nasceu a 1 de Janeiro de 1958, no vizinho Malawi, tendo crescido em Angónia, na província de Tete, terra natal da sua falecida mãe. O seu pai, também já falecido, nasceu em Báruè, na província de Manica.
Ele contraiu a cegueira em 1994, o ano em que Moçambique realizou as primeiras eleições presidenciais e legislativas, daí que seja uma referência para o cidadão Feliz. O nome Feliz foi-lhe atribuído por ter nascido no primeiro dia do ano. É nesta data em que as pessoas se saudam pelo novo ano.

“Tenho o coração no lugar, pois não me dói nada” — disse Feliz Toalha, quando lhe perguntamos se não sentia algo anormal por ser o segundo marido da sua primeira esposa.  Segundo afirmou, quando Micaela Zangatupe abordou-lhe sobre o caso, não negou, alegadamente porque “é a vontade dela. Imagine se eu negasse, ela não continuaria com o mesmo homem”?

Contudo, reconheceu que na sua tradição nunca tinha ouvido falar de uma mulher juntar-se com dois maridos. “Mas se isso já aconteceu, nada posso fazer, visto que, como eu disse, é vontade da minha esposa, e porque eu também a amo, embora não conceba, não me vou separar dela, embora sejamos dois esposos dela aqui em casa” — frisou.

Para Feliz Toalha, basta haver harmonia entre os dois. Aliás, avisou que “se ele me provocar, com esta raiva que tenho por ser cego, eu vou morrer com ele”. Disse ainda que o único receio que tem é da sua segunda esposa não ser enganada pela sua tia, “porque não gostaria de ver ela também com um segundo marido”.

O QUE DIZ JOÃO MAGUZA.
João Maguza, que disse não conhecer a sua idade, mas aparentando andar na casa dos 55 anos, afirmou que “eu estou bem aqui em casa. Sei que Micaela é esposa do senhor Feliz, mas também é minha e não há problemas connosco”.

Maguza revelou ser natural da região de Chimbwe, no distrito de Mutarara, na província de Tete. Mutarara limita-se com Caia através do rio Zambeze. Reconheceu que “na minha tradição não há isso de uma mulher casar com mais de um marido... é primeira vez ver e ser eu próprio a aceitar conviver com uma mulher que tem o seu primeiro marido na mesma casa. Eu aceitei porque a amo muito”.

João Maguza tem permanecido uma semana ou mais com a poliandra e quando sai, vai à casa da sua primeira esposa. Afirmou que cumpre a escala que Micaela estabelece. “Não tenho como negar, porque amo muito  a ela” — explicou.
O nosso entrevistado garantiu que não entra na casa de alvenaria porque não lhe pertence, na medida em que foi construída para Feliz Toalha, por ser pessoa portadora da deficiência.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Nunca se esqueçam do luto semeado pelo monstro Jonas Savimbi


«Aqueles que até hoje apregoam o heroísmo de um monstro como Savimbi nunca se esqueçam do luto que ele semeou por Angola fora, sobretudo no K K, na então república da Jamba, onde durante anos reinou a lei do silêncio. Ali deixámos muitos de nós parte de nós mesmos, muitas vezes sem direito a sepultura, como Tito Chingunji, esposa, Romy e 3 filhos; Dinho Chingunji, esposa, Aida Henda e 3 filhos; Wilson dos Santos, esposa Helena Chingunji e 4 filhos; e Alice Chingunji.»

«Afinal onde está o carisma e a heroicidade de um homem que no dia 7 de Setembro de 1983 organizou uma parada dividida em 3: no centro uma enorme fogueira, do lado direito um pelotão de fuzilamento e à esquerda a fila das mulheres na sua maioria intelectuais amarradas e levadas para a prisão central da Jamba. Nesse fatídico dia 7 de Setembro de 1983, ele próprio encarregou-se de fazer a chamada das mulheres para a fogueira com uma voz gélida e cadavérica e com um olhar carregado de heroísmo. Vitória Chitata já a arder ainda conseguiu erguer a filha suplicando aos presentes que salvassem a bebezinha de um ano de idade, e Savimbi da tribuna gritou: "filho de cobra é cobra" e lá se foi também aquela inocente criatura.

As cinzas das mulheres queimadas foram recolhidas e conservadas pelos curandeiros sob supervisão dos então general Begin, e Epalanga, (ainda vivo), e duas semanas depois todas as prisioneiras que sobreviveram à pancada, num total de 28, voltaram à parada e sob gritos de "morte às bruxas" já com as cabeças rapadas foram untadas com as cinzas das defuntas e definitivamente expulsas da Jamba, foram deportadas para o Katapi onde as sobreviventes do pelotão de fuzilamento comandado pelo então coronel Melgaço (ainda vivo) ceifou as vidas de algumas delas... permaneceram quase um ano a fazer trabalhos forçados, cultivando a terra de sol a sol sem direito a alimentação.

Afinal, nesta ordem de ideias, onde se encontram os corpos da mãe do general Bock, da Dona Priscila, da pequena Mbimbi Katalayo, já que a mãe de Savimbi para além de em 1988 ter tido direito a um funeral com salvas de canhão foi em Agosto de 1992 transladada para Lopitanga sua terra natal? Será que mesmo morto Savimbi ainda continua a meter medo aos Vatuvas e companhia? A ser assim nós os angolanos sinceros também queremos lembrar à direcção da Unita para que pelo menos faça um esforço no sentido de perguntar aos assassinos dos generais Bock, Antero, Tarzan, Nato, Grito, Perestrelo, e peço perdão pelos nomes que infelizmente olvidei, que indiquem às famílias onde ficaram os seus restos mortais.

Perguntem ao general Beja, ao Aniceto Gato, ao Kamunha e outros esbirros onde estão esses corpos, já que segundo Alcides Sakala, como africanos que somos, o luto só termina quando os restos mortais são entregues à família.

Todos esses supracitados deram o melhor de si nas grandes batalhas de que há memória, como Mavinga, Luena etc. Acho que o Sakala continua a ter medo da sombra de Savimbi. Liberta-te, Alcides. Se não o criticavas em vida como há tempos informaste, sabes que houve muitos homens de coragem temerária que em várias ocasiões discordaram com o chefe, e estes pagaram o preço mais alto.

Quando abordarem politicamente o caso da transladação dos restos mortais daquele que foi o pior monstro que a história de Angola conheceu, lembrem-se também dos órfãos e das viúvas dos generais supracitados.

Por favor, por uma vez sejam sensíveis ao sofrimento dos vossos próprios militantes, pois como os vossos, esses filhos também nasceram na luta, mas eles vieram de lá de mãos vazias. Muitos deles até hoje não têm nem pão nem tecto, quando há 4 anos a promessa foi prioridade para as viúvas e órfãos...

Que falsidade. Vão gastar rios de dinheiro para transladar Savimbi que já está enterrado, mas ninguém falou do Valdemar Chindondo nem do irmão, Piedoso Chindondo, de Jorge Sangumba, Cândinha Vumbi, Sessa Puna, Emy Manuel, Gina Kassanji, Vinona, Antónia ou Donia, Joana do grupo 3 de Agosto, Alfeu Chiuaia, Tina Brito, São, Fuma, Lindinho, Malory, Iko, ou Vakulukuta, e Orneias Sangumba, morto, por alegadamente ser agente da CIA!

Pergunto-vos: será justo para todas essas famílias que vocês transladem Savimbi sem pensarem nos seus? Afinal este indivíduo tem outros familiares para além da irmã. Por que é que o sobrinho querido não foi à cerimónia? Refiro-me ao Kamy, que matava sem se incomodar? Reflictam antes de agir... As chagas ainda estão abertas e a sangrar.»

Leitor devidamente identificado
Fonte: Noticias Lusofonas




quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"A Fraude do 13.º Mês"

O 13.º Salário Não Existe!

O "13.º Salário" foi implementado no Brasil nos anos 60, em Portugal em 1974, e está mais ou menos institucionalizado em versões locais na Europa e América do Sul, mas não nos USA, onde OS trabalhadores são pagos "à semana" e não "ao mês". Em Angola, supostamente também é pago. Mas vejam o seguinte...

Como funciona o 13.º mês?

Suponhamos que você ganha 400 por mês. Multiplicando-se esse salário por doze meses, temos ao fim do ano 4.800.

400x12 = 4.800

Quando chega Dezembro, recebe o conhecido "Décimo Terceiro Mês".

4.800 + Décimo Terceiro =5.200

4.800 (Salário anual)+ 400 (Décimo Terceiro) = 5.200  (Salário anual mais o Décimo Terceiro) Aparentemente ofereceram-lhe 400, pelos quais não trabalhou.

Parece certo. Onde é que está a fraude?

Se o trabalhador recebe 400 por mês será razoável pensar que recebe 100 por semana, já que o mês tem em, média, quatro semanas.

400 (Salário mensal) : 4 (semanas do mês) = 100 (Salário semanal)

Continua a parecer certo. Então onde é que está a fraude?

A fraude está aqui:

O ano tem 52 semanas.

Se multiplicarmos 100  (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será 5.200, 100 (Salário semanal) x 52 (número de semanas anuais) = 5.200 O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual mais o Décimo Terceiro

Explicação:

A resposta é que lhe roubam uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias, outros com 31, mas uma semana são 7 dias, 4 semanas são 28, não são 30 nem 31, mas o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, só lhe pagam 4 semanas, ou seja, 28 dias!.

No final do ano o "décimo terceiro" é apenas o que não lhe foi pago durante o ano. É salário já vencido e não um adicional. Faria parte do ordenado normal se lhe pagassem "à semana". Não venham com a treta, a dizer-nos que nos Estados Unidos da América e no Canadá, não se pagam o 13.º mês. Os políticos angolanos, que estejam conscientes e não tentem fazer do povo uns míseros ignorantes e estúpidos!...

Lembre-se disto quando lhe tirarem o 13.º mês ou lhe pagarem metade "por causa da famosa crise", da qual eu já estou bem farto; como se lhe estivessem a tirar um bónus por não ter trabalhado, xinguile, chute a bunda do patrão porque lhe está a roubar...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O DEDO E AS MANGAS ARREGAÇADAS

Artigo de José Ribeiro* para profunda reflexão e tomada de consciência dos...funcionários públicos.
 
  
 O Hospital Américo Boavida vive momentos conturbados porque a direcção resolveu controlar a pontualidade dos funcionários com um sistema electrónico. Quem não regista a presença, está em falta. E como a máquina nunca se engana, os serviços financeiros descontaram aos faltosos os dias em que estiveram ausentes.
 
 Os trabalhadores que viram os salários emagrecer, protestaram contra a direcção do hospital. Mas a directora clínica, que tem a responsabilidade de garantir que pelo menos 300 doentes internados e mais umas centenas que recorrem diariamente às urgências tenham assistência digna, apresentou razões para justificar os descontos nos salários dos faltosos e relapsos.
 
 O novo sistema entrou em funcionamento durante um longo período experimental, para todos se habituarem à vigilância electrónica da pontualidade, sempre com o dedo apontado aos faltosos. Os que não registavam a presença no serviço, eram chamados e os técnicos explicavam-lhes como deviam proceder.
 
 Mas segundo a directora clínica, muitos dos que hoje protestam, ignoraram a formação e as explicações. Quando o sistema electrónico entrou em funcionamento “a doer” as faltas ao serviço choveram em catadupas. No final do mês, os faltosos perceberam que a falta de assiduidade não rentabiliza os serviços nem o trabalhador e sentiram o corte nos salários. No limite, resolveram fazer greve para que lhes fossem restituídos os fundos descontados.
 
 Alguns técnicos ameaçaram que se o dinheiro não fosse devolvido, os doentes é que iam sofrer. No sector da saúde as greves têm de ser bem ponderadas e as estruturas sindicais são obrigadas a garantir os serviços mínimos. Os doentes internados não podem ser negligenciados e as urgências têm de funcionar sem falhas. Isto quer dizer que os trabalhadores da saúde não podem fazer greves e prejudicar os serviços e os doentes.
 
 Para tentar esclarecer tudo, o vice-ministro da Saúde, Carlos Alberto Masseca, foi dialogar com os faltosos e com a direcção do Hospital Américo Boavida. No final, ouvi na rádio um trabalhador “grevista” dizer que os técnicos iam levantar “parcialmente” a greve mas que o dinheiro dos descontos tinha de ser devolvido a quem não cumpriu o dever de pontualidade, assiduidade e produtividade.
 
 Este episódio ilustra bem uma situação que é transversal a todos os nossos serviços públicos. Não é segredo para ninguém, muito menos para as centrais sindicais, que a nossa produtividade é das mais baixas do mundo.
 O absentismo atinge níveis tão elevados que não há economia que resista. Este quadro resulta de velhos problemas da nossa sociedade nunca resolvidos.
 
 Os óbitos custam milhões de horas de trabalho por ano. Os trabalhadores “incomodados” são responsáveis por outros tantos milhões de horas de trabalho perdidas. A chuva justifica igualmente milhares de dias de ausência ao trabalho. Num nível um pouco mais baixo, temos os engarrafamentos, a falta de transportes, os “pedidos”, os casamentos, as aulas ou a falta pura e simples, sem qualquer satisfação ou justificação.
 O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, num dos seus discursos recentes, pôs o dedo na ferida e disse que não podemos aceitar que bens de consumo importados, sejam mais caros do que aqueles que produzimos em Angola. Na altura, ninguém pegou na “deixa”. Mas o Chefe de Estado estava a alertar a sociedade para o gravíssimo problema da falta de produtividade nacional. Porque é isso que torna mais caro o feijão ou o milho nacional do que o importado, apesar do frete marítimo e dos dias a mais que os navios estão nos portos à espera de descarregar.
 
 Temos problemas estruturais que agravam a situação já de si grave. As organizações são débeis e temos poucos quadros técnicos. Tudo isto faz uma mistura complicada que tem de ser solucionada com mais organização, mais cidadania, mais participação democrática e, sobretudo, mais trabalho. Temos de fazer mais.
 
 O governador do Kuando-Kubango, Eusébio de Brito Teixeira, sabe disso e reuniu com todos os funcionários do Estado e das empresas públicas para lhes dizer que exige de todos mais empenho e mais responsabilidade. A mensagem do governador foi clara: temos de arregaçar as mangas!
 E já agora, também interessa adoptar em todos os organismos da Administração Pública e no sector empresarial do Estado a vigilância electrónica da pontualidade, como em boa hora o fez a direcção do Hospital Américo Boavida.
 
 Quem está, fica registado. Quem falta, escolhe os descontos.
 Não sei qual é o sistema electrónico adoptado pelo hospital. Mas sei que existe um muito simples em que basta colocar o dedo indicador na máquina para ficar registada a presença do funcionário nos serviços de Contabilidade.
 
 E como o sistema funciona com as impressões digitais de cada um, é impossível fazer batota.
 
 Pode ser que com o sistema de vigilância da pontualidade através do dedo, todos comecem a arregaçar as mangas.
 
 O país precisa que os trabalhadores angolanos dêem esse passo importante e necessário. 

* Jose Ribeiro - Director do Jornal de Angola

PROJECTO LIBOLO

Estive em Calulo, Libolo, a terra que me viu nascer, como congressista convidado ao Congresso Internacional Linguístico (20° Conferência Anu...