segunda-feira, 7 de novembro de 2011

As verdadeiras razões da guerra na Líbia

MESMO CONTRA TODA A PROPAGANDA OCIDENTAL A LUZ DA VERDADE APARECE MESMO NO FUNDO DO TÚNEL HOJE É UM A DIZER A VERDADE, AMANHÃ SERÃO MUITOS.

PODE-SE MENTIR A MUITOS POR POUCO TEMPO, MAS NÃO SE PODE MENTIR A TODOS POR MUITO TEMPO.



1. O primeiro satélite africano RASCOM 1


É a Líbia de Gadafi a que oferece a toda África a primeira revolução verdadeira dos tempos modernos: assegurar a cobertura universal do continente por meio da telefonía, a televisão, a radiodifusão e outras múltiplas aplicações, tais como a telemedicina e a informação à distância. Pela primeira vez, uma conexão de baixo custo se encontra disponível em todo o continente, inclusive nas zonas rurais, graças ao sistema de rádio WIMAX.

A história começa em 1992, quando 45 países africanos formaram a sociedade RASCOM, cujo propósito era criar um satélite africano para reduzir os custos de comunicação no continente. As chamadas telefônicas desde e até o continente africano eram as mais caras do mundo devido a um imposto anual de 500 milhões de dólares que Europa adicionava sobre as conversas telefônicas, inclusive dentro de um mesmo país africano, para que o trânsito de voz pudesse realizar-se através de satélites europeus tais como Intelsat. A fabricação de um satélite africano supunha um custo de exatamente 400 milhões de dólares, a pagar numa entrega única, o que significava não ter que pagar mais os 500 milhões de dólares anuais de aluguel. Que banqueiro não financiaria um projeto semelhante? Porém, a equação mais difícil de resolver era: como podia o escravo se libertar da exploração servil a que estava submetido tendo que pedir ajuda a seu amo para isto? É assim que o Banco Mundial, o FMI, os Estados Unidos e a União Europeia mantiveram esperando inutilmente a estes países durante 14 anos.

Foi em 2006 quando Gadafi pôs fim a inútil súplica aos supostos bem-feitores ocidentais e a suas práticas de empréstimos com excessivas taxas de juros. Líbia colocou sobre a mesa 300 milhões de dólares, o Banco Africano de Desenvolvimento uns 50 milhões e o Banco de Desenvolvimento da África Ocidental outros 27 milhões, e desta forma, a partir de 26 de dezembro de 2007, África teve seu primeiro satélite de comunicações de sua história. No processo, China e Rússia aparecem nesta cena cedendo sua tecnologia e permitindo o lançamento de novos satélites, como o sulafricano, o nigeriano, o angolano e o argelino, e inclusive se prevê o lançamento de um segundo satélite africano em julho de 2010. Para o 2020 se espera construir o primeiro satélite de tecnologia 100% africana cuja fabricação será feita em solo argelino. É de esperar que o satélite concorra com os melhores do mundo, mas a um custe 10 vezes menor, o que representa um verdadeiro desafio.

É assim como um simples gesto simbólico de apenas 300 milhões pode mudar a vida de todo um continente. A Líbia de Gadafi fez o Ocidente perder não somente 500 milhões de dólares ao ano, senão milhares de milhões de dólares derivados da dívida e juros que a mesma geraría infinitamente e de maneira exponencial, tudo o qual contribuiría à maquinaria oculta que tenta se aproveitar da África.

2. O Fundo Monetário Africano, o Banco Central Africano e o Banco Africano de Investimento

Os 30 bilhões de dólares de fundos libios que Obama congelou pertenecem ao Banco Central da Líbia e estão destinados a contribuir com a finalização da federação africana através de três projetos
chaves:


- O Banco Africano de Investimento em Sirte, Líbia,

- A criação em 2011 do Fundo Monetário Africano, com um capital de 42 bilhões de dólares com sede em Yaoundé,

- O Banco Central Africano, com sede em Abuja, Nigéria, que com a primeira emissão da moeda africana marcará o fim do franco CFA (franco das colonias francesas na África) com o qual París domina alguns países da África há 50 anos.

É portanto compreensível, mais uma vez, a irritação que sente París com Gadafi. O Fundo Monetário Africano deve substituir todas as atividades que o Fundo Monetário Internacional leva a cabo sobre o terreno africano, que com só 25 bilhões de dólares de capital colocou de joelhos a todo um continente, com privatizações questionáveis, como a de obrigar aos países africanos a passar de um monopólio público para um privado. Os mesmos países ocidentais pediram formar parte do Fundo Monetário Africano, pedido que foi recusado por unanimidade numa reunião celebrada em Yaoundé, de 16 ao 17 de dezembro de 2010, onde se estabeleceu que só os países africanos poderiam ser membros do Fundo.

É evidente que depois da Líbia, a coalizão ocidental declarará sua seguinte guerra a Argélia, que além de contar com enormes recursos energéticos, este país conta com uma reserva de divisas de 150 bilhões de euros. Isto provoca a inveja de todos los países que bombardearam a Líbia, os quais têm algo em comum: todos eles estão á beira da quebra econômica. Só os Estados Unidos contam com uma dívida de 14 bilhões de dólares, França, Gran Bretanha e Itália possuem cada um ao redor de 2 bilhões de dívida pública, enquanto que os 46 países da África negra possuem um total menos de 400 milhões de dívida pública. Criar guerras falsas na África com a esperança de encontrar o oxigênio para continuar com sua apnéia econômica que não faz mais que piorar, não fará mais que afundar os ocidentais num declive que começou em 1884, na famosa Conferência de Berlim. Porque como disse o economista norteamericano Adams Smith em 1865, em apoio a Abraham Lincoln em sua luta para abolir a escravidão, "a economia de todo país que pratica a escravidão dos negros está na mira de iniciar seu descenso ao inferno e será duro o dia em que outras nações despertem".

3. Uniões regionais como freio à criação dos Estados Unidos da África

Com o objetivo de desestabilizar e destruir a União Africana que se encaminhava perigosamente (segundo o Ocidente) a formar, com a destreza de Gadafi, os Estados Unidos da África, o primeiro que fez a União Europeia foi tentar, sem êxito, a criação do mapa da União para o Mediterrâneo (UPM). Era necessário a qualquer preço separar a África do norte do resto do continente pregando as mesmas teorias racistas reinantes nos séculos XVIII e XIX, segundo as quais os povos africanos de origem árabe são mais avançados, mais civilizados que o resto do continente. Esta tática não prosperou porque Gadafi entendeu rapidamente do que se tratava o jogo desde o momento em que foi mencionada a União para o Mediterrâneo, sem sequer informar à União Africana, conseguiu reunir a uns poucos países africanos, ainda que tenham sido convidados os 27 países que formam a União Europeia. Sem o principal motor da federação africana, a UPM, que contava con Sarkozy na cabeça e Mubarack como vicepresidente foi um fracasso antes de começar, um projeto morto antes de nascer. Isto foi o que Alain Juppé tentou reviver, apostando, é claro, que Gadafi caisse. O que os líderes africanos não entendem é que enquanto o financiamento da União Africana esteja em mãos da União Europeia, voltará ao ponto de partida, porque nessas condições nunca haverá uma verdadeira independência. Da mesma forma, a União Europeia promoveu e financiou as agrupações regionais na África. Era óbvio que a CEDEAO, que têm uma Embaixada em Bruxelas e que obtêm a maior parte de seus fundos da União Europeia, represente um grande obstáculo para a federação africana. Isto é pelo que Lincoln tinha lutado na guerra de secessão nos Estados Unidos, porque desde o momento em que um grupo de países se reúnem em torno a uma organização política regional, só pode servir para debilitar ao corpo central. Isto é o que Europa queria e isso é o que os africanos não entenderam quando criaram um após outro a COMESA, a UAEAC, a SADC e o Gran Magreb, que não prosperou graças a Gadafi, que, desde o principio, tinha entendido tudo muito bem.

4. Gadafi, o africano que permitiu limpar a humilhação do Apartheid

Gadafi está no coração da maioria dos africanos, a quem se conhece como um homem muito generoso e humanista, e por seu apoio desinteressado à batalha contra o regime racista da África do Sul. Se Gadafi tivesse sido um homem egoísta, não teria ganhado a ira dos ocidentais por brindar apoio financeiro e militar à ANC em sua luta contra o Apartheid.

Por esta razão, em 23 de outubro de 1997, Mandela, apenas ser liberado após 27 anos da prisão decidiu romper o embargo que as Nações Unidas tinham imposto à Líbia. A causa deste embargo, que foi inclusive aéreo e durou 5 longos anos, nenhum avião poderia aterrizar na Líbia. Para poder acessar o país, era necessário pegar um voo a Túnez, aterrizar em Djerba e continuar o percurso de 5 horas por terra por Ben Gardane, atravessar a fronteira e continuar durante 3 horas mais pelo deserto até chegar a Trípoli. Outra opção era entrar por Malta e fazer a travessia durante à noite, em embarcações precárias e em mal estado até chegar à costa Líbia.

Todo um povo foi submetido a este calvário para castigar a um só homem. Mandela decidiu pôr fim a esta injustiça e respondeu ao ex Presidente norteamericano Bill Clinton, que tinha julgado esta decisão de inoportuna, dizendo: "Nenhum Estado pode assumir o papel de policia mundial, e nenhum Estado pode ditar aos demais o que fazer". E
acrescentou: "os que ontem eram amigos de nossos inimigos têm agora o valor de me propôr que não visite a meu irmão Gadafi, nos aconselham que sejamos ingratos e que esqueçamos a nossos amigos de ontem". De fato, para o Ocidente, os racistas da África do Sul eram seus irmãos e necessitavam ser protegidos. A causa disto, todos os membros da ANC foram considerados terroristas perigosos, entre eles Nelson Mandela.
Não foi até o 2 de julho de 2008 que o Congresso estadunidense aprovou uma lei para eliminar da lista negra o nome de Nelson Mandela e de seus companheiros da ANC, não porque tivesse percebido o ridículo da situação, senão porque queriam ter um gesto pelo 90 aniversario de Mandela. Se os ocidentais se arrependessem agora por apoiar no passado aos inimigos de Mandela, e se fossem realmente sinceros quando puseram seu nome nas ruas e praças, como é possível que continuem fazendo a guerra a Gadafi, que foi quem fez possível a vitória a Mandela e sua gente?

B. São os democratas que querem instaurar a democracia?

E se a Líbia de Gadafi fosse mais democrática que os Estados Unidos, França, Gran Bretanha e todos aqueles que pretendem instaurar a democracia na Líbia à força? Em 19 de março de 2003, o Presidente George Bush lançou bombas sobre os iraquianos com o pretexto de constituir um regime democrático. Em 19 de março de 2011, ou seja, 8 anos mais tarde e dia após dia, é o turno do Presidente francês, que lança bombas sobre os líbios sob o mesmo pretexto. O Presidente Obama, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2009 e Presidente dos Estados Unidos da América, justificou que seus submarinos disparassem mísseis de cruzeiro contra os líbios, alegando que era para derrotar a Gadafi, o ditador no poder, e para instaurar a democracia.

Todo ser humano com uma mínima capacidade intelectual para elaborar julgamentos e apreciações de valor não pode deixar de se fazer esta
pergunta: os países como França, Inglaterra, os Estados Unidos, Itália, Noruega, Dinamarca e Polônia, cuja legitimidade para bombardear os líbios se baseia somente no fato de autoproclamar-se "países democráticos", são realmente democráticos? Em caso afirmativo, são mais democráticos que a Líbia de Gadafi? A resposta é indiscutivelmente NÃO, pela simples razão de que a democracia não existe. Não sou eu quem o afirma, senão o mesmo homem cuja cidade natal, Genebra, aloja à maioria dos comandos das Nações Unidas. Se trata de Jean-Jacques Rousseau, nascido em Genebra em 1712, quem estabelece no capítulo IV do livro III de seu famoso "Contrato social"
que: "nunca houve uma verdadeira democracia e nunca haverá". Para que um Estado seja verdadeiramente democrático, Rousseau planteava quatro condições segundo as quais a Líbia de Gadafi é ainda muito mais democrática que os Estados Unidos da América, França e todos os demais que pretendem implantar a democracia, a saber:

1. Dimensão do Estado: quanto maior seja a extensão territorial de um Estado, menos democrático será. Para Rousseau o Estado deve ser muito pequeno para que o povo possa reunir-se com facilidade, e para que o conhecimento entre cidadãos aconteça de forma natural. Antes de convocá-los a votar é necessário se assegurar de que se conheçam entre eles, já que votar pelo mero fato de fazê-lo se converteria num ato despojado de todo fundamento democrático, num simulacro de democracia para eleger a um ditador. A estrutura de organização do Estado líbio se fundamenta num conceito tribal, ou seja, reagrupa o povo em pequenas entidades. O sentimento democrático é mais forte numa tribo e num povo mais que numa nação grande. O fato de que todos se conheçam e que a vida gire ao redor dos mesmos interesses comuns proporciona uma certa autorregulação e autocensura, inclusive apesar da reação ou contra-reação dos demais membros a favor ou em contra das opiniões expressadas. Desde este ponto de vista, é Líbia quem melhor responde às exigências de Rousseau, e não os Estados Unidos da América, França ou Gran Bretanha, sociedades fortemente urbanizadas onde a maioria dos vizinhos não se cumprimentam e nem sequer se conhecem apesar de viver um ao lado do outro após 20 anos.

Nestes países, foi passada diretamente à etapa seguinte: "o voto", que se foi santificado de forma maliciosa, para fazer esquecer que o mesmo é inútil a partir do momento em que se fala do futuro de uma nação sem conhecer a seus habitantes. Inclusive foi proposta a ridícula ideia de permitir o voto aos cidadãos residentes no extrangeiro. Se conhecer e falar são condições essenciais de comunicação para que exista o debate democrático, que é o que precede a toda eleição.

2. É necessário simplificar os costumes e os comportamentos para evitar desperdiçar o tempo falando da justiça, de um tribunal para encontrar soluções à grande quantidade de disputas de interesses diversos que se produzem por natureza numa sociedade muito complexa.
Os ocidentais se definem como países civilizados, com costumes complexos, e a Líbia como um país primitivo, ou seja, com costumes simples. Desde esta perspectiva, uma vez mais, quem responde melhor aos critérios democráticos de Rousseau é a Líbia, e não todos os que pretendem dar-lhe lições de democracia. Numa sociedade complexa, a maioria dos conflitos se resolvem aplicando a lei do mais forte, já que, aquele com maiores recursos pode pagar um bom advogado e evitar assim ir preso, e por cima de tudo, manipular o aparato repressivo do Estado contra aquele que rouba uma banana num supermercado, no lugar de ir contra o criminoso financeiro que leva a um banco à quebra. Numa cidade como Nova York, onde o 75% da população é branca, 80% dos cargos executivos o ocupam os brancos, e representam somente o 20% da população carcerária.

3. A igualdade dos salários e das fortunas. Basta ver a lista publicada pela revista FORBES em 2010 para conhecer os nomes das pessoas mais ricas de cada um dos países que lançam bombas sobre os líbios, e para ver a diferença que existe na relação com o salário mínimo nestes países e o da Líbia, para poder entender que em matéria de redistribuição da riqueza do país, Líbia é quem devería exportar seus conhecimentos para aqueles que a atacam e não o contrário. Desde esta perspectiva, segundo Rousseau, Líbia seria mais democrática que aqueles que, de forma ostentosa, querem impôr a pretendida democracia.
Nos Estados Unidos, 60% da riqueza do país está em mãos de 5% da população. Este és o país mais desequilibrado e mais desigual do mundo.

4. SEM LUXOS. Segundo Rousseau para que um país seja democrático, não deve existir o luxo porque o luxo faz que a riqueza seja necessária e esta última se converta na virtude, no objetivo que deve ser alcançado a todo custo, no lugar da felicidade do povo". O luxo corrompe a sua vez o rico e ao pobre: a um porque o possui, ao outro porque o ambiciona; vende a pátria à apatia, à vaidade; se despoja ao Estado de todos seus cidadãos para submetê-los uns aos outros e todos sob uma mesma opinião". Onde existe mais luxo, na França ou na Líbia? A relação de escravidão em que são submetidos os empregados de empresas públicas ou semipúblicas, que os anima ao suicídio pela mera ambição econômica, onde é mais flagrante na Líbia ou no Ocidente?

Em 1956 o sociólogo norteamericano C. Wrigth Mills descreveu a democracia norteamericana como « a ditadura das elites ». Segundo Mills, os Estados Unidos da América não são uma democracia porque em definitivo é o dinheiro e não o povo quem decide nas eleições. O resultado de cada eleição é a expressão da voz do dinheiro e não da voz do povo. Após Bush pai e Bush filho, para as primárias republicanas de 2012 já se fala de Bush Benjamin. Ademais, se o poder político se baseia na burocracia, Max Weber apontou que nos Estados Unidos uns 43 milhões de funcionários e militares dirigem o país, mas não foram eleitos pelo povo nem respondem diretamente ao mesmo por sues atos. Em consequência se vota a uma única pessoa (um rico) mas na realidade o verdadeiro poder sobre o terreno está em mãos de uma casta de ricos que não são outros que os embaixadores, os generais do exército, etc.

Quantas pessoas nos países autoproclamados « democráticos » sabem que no Perú a Constituição proíbe que o presidente suplente possa apresentar-se a um segundo mandato consecutivo? Quantas personas sabem que na Guatemala, o presidente suplente não só está proibido de por vida postular-se novamente como candidato a esse cargo, senão que além disso nenhum membro de sua família poderá aspirar ao mesmo? Quantas sabem que Ruanda é o país que melhor integra politicamente as mulheres no mundo, com um 49% delas ocupando postos parlamentares?
Quantas sabem que segundo a classificação da CIA de 2007, dos 10 países melhor administrados no mundo, 4 deles são africanos? Com a máxima qualificação para Guiné Equatorial, com uma dívida pública de só 1,14% de seu PIB.

A guerra civil, as revoltas, as rebeliões são os ingredientes do inicio de uma democracia, mantêm Rousseau. Porque a democracia não é o fim, senão um processo permanente que busca reafirmar os direitos naturais dos seres humanos, e que em todos os países do mundo (sem exceção), um punhado de homens e mulheres confiscam o poder do povo e o manipulam para exercer o controle. Em todos os lados se encontram castas que usurpam a palavra "democracia", que deveria ser o ideal o qual devemos nos dirigir e não uma etiqueta o um coro de alegorias que só somos capazes de gritar mais alto que os demais. De acordo com Russeau, se um país é tranquilo como França ou Estados Unidos, ou seja, onde não há revoltas, isto simplesmente quer dizer que o sistema ditatorial é o suficientemente repressivo como para evitar qualquer tentativa de rebelião. O fato de que os líbios se rebelem, não supõe algo negativo. Se diz que resulta muito prejudicial que os povos aceitem resignados ante o mundo ol sistema que os oprime sem reagir.
Rousseau conclui: "Malo periculosam libertatem quam quietum servitium
- tradução - Se existisse um povo de Deus, este seria governado democraticamente. Um governo tão perfeito não lhe convêm aos homens".
Dizer que se mata a todos os líbios pelo seu bem é um engano.

C. Quais são as lições para a África?

Após 500 anos de relação com o Ocidente de dominador e dominado, ficou demonstrado que não temos os mesmos critérios para definir quem é o bom e quem é o mau. Ambos temos interesses profundamente divergentes.
Como não deplorar o voto que emitiram os três países subsaarianos, Nigéria, África do Sul e Gabão, a favor da resolução 1973 do Conselho de Segurança? Esta resolução, que inicia uma nova forma de colonização batizada como "proteção dos povos", valida a teoria racista que os Europeus mantêm desde o século XVII, segundo a qual a África setentrional não têm nada em comum com a África subsaariana, e que o norte é mais evoluido, mais culto, e mais civilizado que o resto da África, como se Túnez, Egito, Líbia, e Argélia não formassem parte da África. Inclusive as Nações Unidas parecem ignorar a legitimidade que têm a União Africana para seus Estados membros. O objetivo é isolar os países da África subsaariana para debilitá-los e mantê-los sob controle. De fato, o capital do novo Fundo Monetário Africano (FMA), está composto por 16 bilhões de dólares provenientes da Argélia e 10 bilhões de dólares da Líbia, o que representa cerca de 62% do capital total do Fundo, que ascende a 42 bilhões de dólares. O primeiro país da África subsaariana e os dos mais povoados, Nigéria e África do Sul, contribuiram com o Fundo em 3 bilhões de dólares cada um.

É preocupante constatar que pela primeira vez na história das Nações Unidas, tenha sido declarada a guerra a um povo sem ter explorado previamente a via pacífica para encontrar uma solução ao problema.

Têm a África ainda um lugar em dita Organização? Nigéria e África do Sul estão dispostos a votar a favor de tudo o que Ocidente peça, porque acreditam inocentemente nas promessas de uns e outros de um lugar como membro permanente no Conselho de Segurança com o mesmo direito a veto. Ambos esquecem que a França não têm nenhum poder para lhes atribuir. Se tivesse, há muito tempo que Mitterrand o tivesse feito para a Alemanha de Helmut Kohl. A reforma das Nações Unidas não está na ordem do dia. A única maneira de contar é utilizando o método
chinês: cada um dos 50 países africanos deveriam deixar de ser membros das Nações Unidas. Se algum dia decidirem regressar, seria unicamente uma vez que tivessem obtido o que reivindicam há muito tempo, ou seja, um lugar para toda a federação africana. Do contrário, nada.
Este método da não violência para conseguir a justiça é a única arma da que dispõe os pobres e débeis como nós. Simplesmente, devemos deixar as Nações Unidas, já que esta Organização por sua configuração e sua hierarquia só está à serviço dos mais fortes.

Devemos deixar as Nações Unidas para demonstrar desta maneira nossa desaprovação de uma concepção do mundo baseada unicamente na destruição do mais débil. Ao menos, eles serão livres de continuar fazendo-o, mas sem nossa aprovação, sem ter que afirmar que estamos de acordo, já que eles sabem muito bem que nunca nos foi perguntado.
Apesar de nossa opinião tenha sido divulgada na reunião celebrada no sábado 19 de março em Nouakchott, na que nos declaramos contrários à ação militar, a mesma passou desapercebida e se colocou em marcha o bombardeio ao povo africano.

Reaparece sobre o cenário o caso da China. Hoje em dia, se reconhece o Governo de Ouatarra, se reconhece o governo dos insurgentes na Líbia.
Foi isto o que ocorreu no final da Segunda Guerra Mundial com a China.
A suposta comunidade internacional tinha eleito Taiwan como único representante do povo chinês, no lugar da China de Mao. Tiveram que esperar a que passassem 26 anos, quando em 25 de outubro de 1971 foi aprovada a resolução 2758 do Conselho de Segurança (a qual deveriam ler todos os africanos), para que se colocasse fim à insensatez humana. China foi então aceita, além de ter reclamado e obtido um assento como membro permanente do Conselho de Segurança com direito a veto, de outro forma, não teria aceitado. Com esta exigência cumprida e a resolução de admissão em vigor, tiveram que esperar a que transcorresse um ano para que em 29 de setembro de 1972, o Ministro chinês de Assuntos Exteriores desse sua resposta através de uma carta enviada ao Secretário Geral das Nações Unidas, não para mostrar sua satisfação ou agradecimento, senão para fazer esclarecimentos em garantia de sua dignidade e respeito.

Que espera obter África das Nações Unidas se não se mostra firme e não se faz respeitar? Na Costa do Marfim um funcionário das Nações Unidas se considera toda uma instituição nesse país. Temos entrado na Organização aceitando ser servos, acreditando que seríamos convidados à mesa a comer com o resto, utilizando pratos que temos lavado nós mesmos, simplesmente crédulos, ou pior ainda, estúpidos. Quando a UA reconhece a vitória de Ouattara sem ter em conta as conclusões adversas de seus próprios observadores enviados sobre o terreno, só para satisfazer a nossos antigos amos. Como vão nos respeitar depois disto? Quando o Presidente sulafricano Zuma declara que Ouattara não tinha ganhado as eleições e dá um giro de 180 graus após uma visita a Paris, cabe a pergunta, para que ter a estes dirigentes que representam e falam em nome de 1 bilhão de africanos.

A força e a verdadeira liberdade da África surgirão de sua capacidade de impor atos de reflexão e de assumir as consequências. A dignidade e o respeito têm um preço. Estamos dispostos a pagar? Do contrário, nosso lugar continuará na cozinha, garantindo o bem estar dos outros.

Genebra, 28/03/2011.

Jean-Paul Pougala



Além do que foi exposto no artigo, a invasão na Líbia tb foi motivada pelo fato do sistema financeiro líbio não estar interligado com o sistema financeiro mundial, controlado pelas famílias sionistas. Ou seja, foi o conjunto de várias ações de Gadafi que levaram a corja de banqueiros e corporações a inventarem uma enxurrada de farsas para em conjunto com a mídia invadir o país, cometer genocídios e pilhar todas as riquezas.

Tudo que está nesse artigo serve para o Brasil!

a verdadeira democracia foi desvirtuada, maquiada, estuprada...que acabou virando demônioacracia

ótimo artigo

As verdadeiras razões da guerra na Líbia Mais um post confirmando a informação que o próximo alvo é a Argélia!

Citar:
A Argélia poderá ser o próximo alvo da OTAN

Michel Collon, jornalista e escritor belga, revela numa entrevista porque é que a Argélia pode ser o próximo alvo da NATO, assim que esta resolva o problema da Síria e com a sua "revolta popular."

A Argélia é simultâneamente o maior país africano, o maior país do mundo árabe e o maior país do mediterrâneo. Mas a Argélia é sobretudo um dos maior produtores mundial de gás e petróleo.

Próximo alvo: Argélia


As multinacionais nunca irão perdoar as tentativas de independência econômica e política, assim como as guerras de independência levadas a cabo por certos países, como a Argélia.

Para elas (as multinacionais), as riquezas e o dinheiro devem servir os seus interesses, não querem ver nesses países políticas sociais na saúde, na educação ou na satisfação dos povos. Como sabem, a Argélia é um dos países modelo em termos de resistência anticolonialista, foi um país que procurou seguir a via dos não-alinhados e tentou a unificação dos países do terceiro mundo.

Considero a Argélia um país punido porque não deixou que as suas riquezas ficassem nas mãos das multinacionais.

Tradicionalmente, as potências imperialistas tentam apoderar-se das riquezas dos países do terceiro mundo com simples pressões, colocando no poder presidentes servidores dos seus interesses. Quando esses seus interesses não são concretizados, não olham aos meios para os
alcançar: chantagem, assassinatos encomendados, desencadeamento de guerras civis ou ataque puro e simples dos países não-dóceis.

Vimos esta estratégia com a Venezuela, o Afeganistão, a Bolívia e com todos os países que não quiseram ajoelhar-se. A situação geográfica da Argélia é estratégica. Está claro que os Estados Unidos não vão fazer dela uma excepção. Penso que por enquanto, eles vão continuar a jogar ao jogo da cenoura e do bastão, mas não podemos afastar outro cenário.
A Argélia pode ser o próximo alvo se ela não se vergar perante a ganância das multinacionais.

O terrorismo não incomoda os Estados Unidos.

Basta conhecer o mapa petrolífero e as posições estratégicas que ocupam os países para saber onde os Estados Unidos e a Europa querem instalar as suas bases militares.

Não se trata de lutar contra o terrorismo, esse faz parte da estratégia americana. O terrorismo não incomoda nada os Estados Unidos. Terroristas com mandados de captura por atentados contra civis estão neste momento em Miami sob a proteção dos americanos.

Convém lembrar que foram os Estados Unidos que armaram Bin Laden e terroristas para depor um estado progressista no Afeganistão, que apoiam Israel que massacrou um povo inteiro...e os exemplos são numerosos.

A região do Sahel não é excepção, temos que inseri-la num mundo global para perceber a estratégia das potências multinacionais. A instalação das bases militares e a apropriação das riquezas de uma região são os principais objetivos.

Os Estados Unidos não querem eliminar o terrorismo, antes pelo contrário, querem servir os seus interesses, porque para acabar com o terrorismo, tem de se acabar com a pobreza, a fome, as injustiças e a exploração...

Fonte: Anonima

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