ELEIÇÕES E DEMOCRACIA EM ANGOLA
Às vezes dou por mim a conversar comigo mesmo, a perguntar se Angola chegará a ter, um dia, eleições que mereçam ser chamadas de livres, transparentes e justas e não apenas “processos eleitorais” embalados em conferências de imprensa e estatísticas duvidosas.
E a minha preocupação é simples: como é que se fala em democracia quando a oposição, na prática, existe apenas de Viana para cá? Fora de Luanda, tirando duas ou três excepções heroicas, o que chamam de implantação partidária resume-se a um mastro com bandeira plantado na berma da estrada — bandeira esta que às vezes nem militante tem para vigiar. É quase decoração de paisagem, não presença política.
Enquanto isso, o MPLA desfila pelo país inteiro com recursos que parecem brotar de uma fonte inesgotável. Dinheiro? Há para oferecer. Militantes? Contam-se aos milhões, quase como se fossem produto de fábrica em linha de montagem. Depois dizem que é “força do povo”, eu diria que é, acima de tudo, força do tesouro.
E então surge a pergunta, tão inocente quanto irónica: se dinheiro é poder e militantes são votos, como é que qualquer oposição pretende vencer um adversário que joga com armas nucleares enquanto os outros ainda discutem quem traz a catana?
Fala-se de alternância, mas a verdade é que estamos num campeonato onde um dos concorrentes controla o estádio, o cronómetro, o árbitro, o VAR e ainda vende as camisolas da equipa adversária. Depois, claro, anunciam que ganhou com “vitória retumbante”. Surpresa? Nenhuma.
E é por isso que, às vezes, volto ao meu diálogo interno e repito a mesma pergunta: será que um dia teremos eleições realmente livres em Angola, ou continuaremos a assistir a este teatro político onde só muda o pano de fundo e a história é sempre a mesma?
Está aberto o debate...
QUAL É A SUA OPINIÃO?
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