sábado, 10 de agosto de 2013

Grande Entrevista com Jorge Valentim


‘Sou capaz de marcar mais golos que muitos que têm cartão do MPLA’ 

Como é a vida longe dos holofotes, ribalta e dos grandes palcos políticos?

Eu gostaria de agradecer imenso a vossa visita, principalmente esta ideia de visitarem as províncias, comunas. Eu nasci nesta casa, neste quarto, ao lado esquerdo estava a cama dos meus pais. Como éramos pequenitos dormíamos à direita, depois nos anexos e inspira-me. Faz-me lembrar que os meus pais, afinal, fizeram um grande sacrifício. Ganhavam pouco e construíram uma casa. Naquele tempo construir correspondia a classe média com chapas, com mínimo de comodidade aqui dentro, tínhamos pequeno-almoço, almoço e jantar. Comíamos de tudo, o pai comprava. Como era enfermeiro, o comboio que se chamava de pagador, ele apanhava aos fins do mês. Ele cuidava daqueles doentes graves que se encontravam ao longo do caminho-de-ferro. Os que levavam dinheiro pagavam os trabalhadores pontualmente, paravam em todos os apeadeiros e levava quase 20 e tal dias até ao Teixeira de Sousa. Estudei na escola Rui de Sousa n.º10, que o meu pai conseguiu com o estatuto de assimilado, mas também por volta do meio-dia ajudávamos a nossa mãe a vender a fuba aos nossos colegas que estudavam connosco. E assim vamos andando. Eu não estou longe da situação, tenho todas as comunicações possíveis e imaginárias aqui, como a CNN, Sky News e todos os canais que dão noticiários. Tenho recebido certos colegas que cá vêm, mas o mais importante é aquele princípio revolucionário que diz “descer nas massas e subir com ela”. Viver no meio das massas é difícil porque qualquer erro tem consequências rápidas, porque a crítica é directa. Mas também o pulsar da população, um indivíduo fica ao corrente sobre o que é que eles pretendem. Eles sentem-se orgulhosos de ter um quadro ainda no activo e dizer que “ele realmente está connosco”, modifica o comportamento, equilibra os instintos e, praticamente, convivendo podemos aprender e corrigir-se mutuamente.

Podemos concluir que regressou à Canata para apanhar balanço e atingir novos voos?

Absolutamente. Para também matar saudades e interpretar as acções do Governo central. E, ao mesmo tempo, recolher dados para se inscrever um pouco a história de Angola.

Como vê o cenário político angolano, sobretudo depois das eleições de Setembro de 2012?

Positivamente porque não houve tumultos. Não é igual a 1992, a população estava extremamente mais consciente e foi ela que impôs uma linha. A população, no meu estudo, quis o Presidente José Eduardo dos Santos e não foi o Presidente que se impôs ao povo, dizendo que quero ser Presidente. Foi a população que pediu que o Presidente da República continuasse para que assegurasse, principalmente, o processo de reconciliação nacional. Não é fácil. Lobito foi sempre o palco das confrontações historicamente falando, foram precisos passos muito importantes para a reconciliação nacional. Aquela ponte da Catumbela, fiz comentários sobre a sua inauguração e no próprio dia proporcionaram-me a oportunidade de ser um dos intervenientes. O norte e o sul já não existem mais, Kimbundu e umbundu também não, estamos todos próximos, porque as vias de comunicação nos ligam e são o símbolo da reconciliação nacional. Agora, a vinda do Presidente aqui, tendo passado pela Canata, passou mesmo nesta estrada. E, segundo personalidades da entourage, foi o próprio Presidente da República que indicou aos outros camaradas que “esta é a casa do fulano”. Eu, que tinha ficado na Catumbela, fiquei um pouco admirado. E a segunda viagem muito mais profunda foi a reunião política tida aqui no Lobito, onde sua Excelência falou e foi mesmo sobre o selo da reconciliação e Lobito passou a fazer parte verdadeiramente dos planos estratégicos do país.

O resultado das eleições do ano passado era o que esperava?

Eu estava particularmente preocupado porque foi a primeira vez que participei a fazer campanha mas, passado um certo tempo, comecei a sentir o pulsar da população, na verdade estava favorável. E a minha preocupação não era só os resultados provinciais, regional ou nacional, mas sim o resultado dos votos na minha buala, aqui mesmo onde eu nasci: na Canata. E eu fiquei muito contente com o resultado. Posso dizer que a população, afinal, tem o seu próprio desejo: paz, reconciliação nacional e progresso sócio-económico. Quer dizer que os planos estratégicos do Presidente da República têm de encontrar uma dinâmica conveniente tal e qual o desejo do Governo central. Estou aqui nesta comuna da Canata, as estradas ainda não correspondem à dimensão nacional, mas fiz várias intervenções que todos repetem a frase: le vando tupitilã (devagar vamos lá). Lentos, mas bem cadenciados, do que correr de uma maneira anárquica e só criticar em vez de saber as etapas. Primeiramente, a ponte, reabilitação do Caminho-de-Ferro de Benguela, que está a dar a oportunidade a certos planos estratégicos do país, o Porto do Lobito, que se está a tornar cada vez mais no ponto de recepção de mercadorias mesmo destinadas a Luanda, para diminuir o fluxo de barcos. Agora são os cruzeiros internacionais de turistas que param aqui no Porto do Lobito, compreendo, Angola é um dos países mais estáveis de África. E no plano mais estratégico a longo termo será o maior destino internacional em investimentos e em visitas. Porque o povo encontra-se muito mais unido, não se divide do ponto de vista religioso, racial, não há bases capaz de criar conflitos. Noto que temos que fazer um grande trabalho do ponto de vista comunal, depende agora do plano que vai ser preparado. Mas tenho oportunidade de regularmente dizer algumas coisas, escrever a sua excelência senhor Presidente da República e fazer alguns comentários. É um privilégio que respeito e que não é normal um chefe de Estado estar a ler opinião de um cidadão. Mas eu gozo deste privilégio e também cria-me responsabilidade.

Depois de ter passado pela UPA- FNLA, UNITA nos últimos anos, o senhor agora assume-se como um militante do MPLA?

Não é questão de passar, vamos ler a história. Com a guerra fria que existiu, o nosso background, sermos educados aqui na parte sul, não havia comunicação política. Aqui houve focos nacionalistas, mas não um foco unitário porque nem mesmo os portugueses iam admitir isso aqui onde nos encontramos. Em 1958 partiram nacionalistas presos e que foram enviados para Kapolo de várias regiões, em Malanje, Tchinjenje e etc. E realmente em Luanda houve focos imensos para a libertação do país, enviar mensagens para as Nações Unidas, como também aqui aconteceu, mas delegados de lá para aqui falar de política não era facilitado pela Polícia. Então, partimos para Portugal como fortemente nacionalistas, mas não tínhamos orientações partidárias. Saímos de Portugal porque estávamos determinados a lutar contra o colonialismo português e afiliamo-nos nos partidos segundo as amizades. Eu fui para a União dos Povos de Angola (UPA) porque conhecia o Dr. Savimbi, foi meu colega no Lubango, no 5º, 6º e 7º. Quando foi, fomos juntos, passou aqui por casa, éramos sete e em Luanda vimos outros. Lá fora os americanos, os americanos e os russos faziam as suas propagandas, os católicos de um lado e os protestantes de outro. Então as pessoas ficaram divididas em partidos políticos. Fui automaticamente escolhido para ser dirigente dos estudantes e assim filiei-me à UPA, mas de uma maneira nacionalista porque arranjei bolsas para muita gente. Não vou mencionar os nomes, mas há dois vice-presidentes de duas organizações históricas que me sacrifiquei para defender a bolsa deles. E naquele tempo na UPA para se escolher alguém Kimbundu para estudar na universidade era difícil. Um também de outro sítio era difícil, tinha de ser só de São Salvador. Eu disse, bem, enquanto for responsável destas coisas de bolsas então esta é a minha lista dos 11 estudantes que devem partir. Um partiu para a Jugoslávia, outros para os Estados Unidos da América e para outros sítios. Mas tarde, quando estive já filiado numa organização internacional reconhecida, ajudei outros países, como a Namíbia e a África do Sul a encontrar bolsas. Regressando à síntese da sua pergunta posso dizer que através da União Nacional dos Estudantes de Angola (UNEA) fui militante da UPA em Kinshasa, depois fui enviado para Katanga (Elizabethville). Percorri desde a fronteira de Teixeira de Sousa até à Zâmbia, Jadoville, Dola, até Lusaka. Quando notei que verdadeiramente o presidente Holden Roberto não estava na linha que correspondia o meu pensamento opus-me. E parti depois, os meios internacionais avisaram-me que a missão que estava a cumprir dos estudantes era melhor ir para a Europa, a situação estava estável. Então quando muitos saíram da UPA por razões fundadas, porque havia regionalismo, tribalismo e em vez de estarem a lutar contra o colonialismo português, era mais contra os próprios partidos angolanos. Necessariamente, nós estivemos na fundação da própria UNITA. Saí da Europa para ir participar na protecção do próprio Dr. Savimbi que estava em perigo de vida em Kinshasa. Eu é que fiz muita campanha em Lusaka, a pré-campanha que o Dr. Savimbi não podia fazer nem falar fiz perante as autoridades zambianas, desde o Presidente Kenneth Kaunda a outras autoridades, inclusive um que esteve agora no poder e que foi dirigente estudantil. Muitos entraram na UNITA graças a acção que levei a cabo. Não levo isso como diploma, mas a quadros do MPLA com que nos encontramos face-a-face em Lusaka, que sabem disso.

Mas o senhor assume-se como militante do MPLA ou não?

Defendo o programa do MPLA, sua excelência Presidente da República. Cabe às instituições do MPLA pronunciarem-se se tenho ou não qualidade para ser militante.

Mas é militante ou não?

Militante significa que já tenho cartão e etc. Eu vou para além disso, defendo todo o programa do MPLA, sua excelência o Presidente José Eduardo dos Santos incondicionalmente. É capaz de eu marcar mais golos do que alguns que têm cartão e não são grandes militantes. Não sei se me fiz compreender? Sinto-me feliz por aquilo que faço, pela minha convicção em relação ao MPLA, faço-o de coração aberto e tem dado resultados. Sou dos raros que tive a oportunidade de falar aqui para o Presidente na época da campanha e ver o nome mencionado. É um grande privilégio. Dizer que o fulano é militante às vezes é nome só passivo. Sou adepto do programa do MPLA, mas activo e consciente.

Passou pela UNITA, ocupou vários cargos e chegou a ser ministro em representação deste partido no GURN. As razões que lhe levaram a abandonar este partido mantêm-se?

Absolutamente. E cada dia que passa estou a ter razão. Sofri uma injustiça da parte do senhor Samakuva e eu compreendo. É mais uma guerra de sucessão do que outra coisa, porque estavam a lutar pelo poder e que ia suceder o Dr. Savimbi. Mas com o que fiz salvei muita gente. Trabalhei com o maître Allioune Bloundyn Beye para a questão do Protocolo de Lusaka, dizendo que era a única salvação e o único programa válido para que a UNITA participasse continuamente na dimensão nacional. Mas, acontece, porém, que quando chegou o momento de aplicar o Protocolo de Lusaka o Dr. Savimbi não queria. Não quis enviar os deputados verdadeiros, começou a enviar suplentes. Não queria que as pessoas fossem para o Governo de Reconciliação Nacional. Se cheguei a Luanda não foi por vontade do Dr. Savimbi. Foi-lhe imposto. Se eu não chegasse lá em Luanda como ministro também o GURN não seria formado. Foi este o ultimato que deram ao Dr. Savimbi.

Quem impôs a sua vinda a Luanda a Jonas Savimbi?

A comunidade internacional e as autoridades em Luanda. Disseram que ‘você está a enviar pessoas desconhecidas a Luanda. Os que negociaram e os deputados não vêm”. Então estás a mentir e a preparar-se para a guerra. Não vale a pena formar novo Governo. Quando faltavam 10 minutos foi quando o Dr. Savimbi veio ter comigo e disse-me: “epa, meu colega, eu tenho que te enviar, mas vou perder alguém porque gostaria que estivesses do meu lado”. Mas como lá dizem que não podem formar Governo sem todos os históricos do Protocolo de Lusaka, então tens de partir. Quando cheguei a Luanda muitos dos meus colegas não sabiam da minha vinda. Quando cheguei maître Beye disse, em francês: ‘maintenant on va former le gouvernement, maintenant on va peut travailler à ça!’(Agora vamos formar Governo, vamos trabalhar nisso). E o general indiano que comandava as forças das Nações Unidas disse: ‘now we came move on’. Então compreendi que a situação estava num impasse. Agora a incompreensão, a campanha que está a passar na UNITA vira-se contra outros. Agora são os jovens e outras pessoas perseguidas, na minha leitura é possível que o senhor Samakuva só fique com o Savihemba, que é natural da aldeia dele e mais outros. Que UNITA será? Uma regional ou da aldeia, não aquele programa que tínhamos inicialmente.

O Governo cumpriu com o Protocolo de Lusaka?

É o seguinte: vamos por etapas. Nós negociámos durante um ano. Começamos com assuntos militares para se parar a guerra, como condição negociar e cessar-fogo. Formar o Exército Nacional, uma Polícia Nacional, integrar os quadros da UNITA no Governo, na Polícia e nas Forças Armadas. Com imensos privilégios, porque se um fosse escolhido como comandante da Força Aérea, o sub-comandante seria um da UNITA. Verdadeiramente com muitos privilégios, mas o Dr. Savimbi não queria este programa. O que ele queria era tempo para se preparar e retomar a guerra. Então, o que o governo podia aplicar, aplicou, mas não foi todo o programa porque o outro parceiro não cooperava. As melhores tropas a nível de soldados eram guardadas, enviava as antigas milícias. Depois enviou generais, mas ele disse que estes já estavam vendidos porque andavam com galões. E posso contar um episódio: o general Ben Ben, que na parte paterna é sobrinho meu e na materna do Dr. Savimbi (mas nunca contei esta parte porque na Jamba seria um perigo discutir quem era mais familiar que o outro), ele chegou fardado, nos carros militares acompanhado pela sua equipa. E o Dr. Savimbi perguntou: epa, quem é aquele indivíduo? Responderam-lhe: ‘é o general Ben Ben’. E ele continuou: ‘e veio fardado?’. E voltaram a lhe dizer que os que o acompanham, o ‘Long Fele’ e outros também estão fardados. E o Dr. Savimbi disse que ‘isso era uma má propaganda e digam ao indivíduo para não sair mais da casa dele com o carro que ele trouxe de Luanda. Isso não é o nosso programa, o que queremos é ganhar tempo. Não é agora fortificar aqui a ideia das Forças Armadas Angolanas’. Se o parceiro UNITA aplicasse totalmente aquilo que tínhamos discutido em Lusaka, a situação em Angola séria mais dinâmica, diferente e não haveria guerra.

Não havia razões para Jonas Savimbi recear a aplicação do Protocolo de Lusaka?

Não havia. Até demos-lhe todos os privilégios, queria ter um estatuto especial e ultimamente ele dizia que ‘vocês vão lá e não defendam mais o estatuto’. Dissemos isso é mentira, é rasteira. Vamos lá discutir em Lusaka um Governo de Reconciliação Nacional, alguns de nós vão ser ministros e o Dr. Savimbi fica sem nenhum posto? Ele vai nos pendurar. Vai dizer que vocês se apoderaram daquilo e esqueceram-se do chefe. Defendemos o estatuto especial e ele foi dado. Um estatuto riquíssimo, equivalente a um vice-presidente, com uma casa em todas as províncias, 400 pessoas como guarda-costas, apoio financeiro em minas. Uma parte das minas de Cafunfu estava nas mãos do Dr. Savimbi, uma garantia de que ele não iria sofrer. E tinha o apoio internacional. Os americanos disseram que enquanto você for parte do protocolo, a comunidade internacional protege-te. E o Presidente José Eduardo dos Santos estava completamente aberto em relação a UNITA, mas o Dr.Savimbi não tinha isto como programa fundamental. O Presidente Houphouet Boigny aconselhou-lhe a aplicar o Protocolo, houve ruptura e morreu com um desgosto muito grande porque o Dr. Savimbi não quis. Então, é a UNITA que não quis e perdeu a oportunidade com o Protocolo de Lusaka. Mas quando estava em dificuldade, perseguido pelas Forças Armadas Angolanas (FAA), aqui no Moxico, nas últimas cartas pedia por favor, estou pronto para negociar. Mas quem ia acreditar mais nele? Nem os americanos, porque o ocidente todo abandonou-lhe e nem tão pouco o Governo. E uma grande parte da elite das forças armadas da UNITA estava do lado do Governo. E bem sabeis que nas últimas batalhas, uma grande parte dos soldados eram originários da UNITA e que estavam com fardamento das FAA, a defender o interesse nacional, porque ficaram todos desiludidos. E hoje o conceito nacional existe nas Forças Armadas e é muito forte. Não é mais a origem se é da UNITA ou de onde, as pessoas acreditam no programa e na pessoa do engenheiro José Eduardo dos Santos, como Comandante-em-chefe das FAA.

Dirigentes e apoiantes da UNITA ainda acreditam que Jonas Savimbi não deveria ter morrido porque era a solução de muitos problemas que o país ainda enfrenta. É da mesma opinião?

Não. Não. Não. Não estudaram com ele, não vivem com ele e não sabiam ler nada que ele fazia. Eu já tinha uma experiência muito grande, graduado com estudos universitários e vou dar um exemplo: a um certo momento o Presidente Mandela quis intervir no processo, convidou o Dr. Savimbi para ir à aldeia dele, na casa dele. O Presidente Mbeki era um dos destacados, mas o Presidente Mandela é que era a figura. Eles estavam sentados, o Presidente Mandela ouviu a exposição do Dr. Savimbi e não ficou contente. Perguntou-lhe: ‘what do you want reality? (O que é que você quer realmente?). Significa que você está a dizer bujardas e coisas que não vêm a frente, mas então o que queres realmente? Gostaria que repetissem isso, porque o Presidente Mandela foi mal interpretado, para alguns analistas ele estava do lado da UNITA, mas não. Ele queria trazer um projecto do Dr. Savimbi ao Presidende José Eduardo dos Santos, mas não conseguiu. O Dr. Savimbi disse ao Presidente Mandela que vou responder mais tarde, antes preciso de um intervalo. Saímos e ele virou para nós. E perguntou-nos: o que é que vou dizer? Dissemos que o senhor Presidente é que diz e nós vamos seguir. Sabes qual foi a resposta? Ser conselheiro executivo do Presidente engenheiro José Eduardo dos Santos. Foi a resposta que ele deu ao Presidente Mandela. Olhou para ele. Via-se na cara a tristeza de que afinal é este homem que está tanto tempo a lutar e no final quer ser conselheiro executivo do Presidente José Eduardo dos Santos. Este é que é o programa fundamental. E sabe porque deu esta resposta? Porque naquele tempo, na conjuntura internacional, na Rússia, havia postos de conselheiros executivos de pessoas que eram de outros partidos ou correntes, que estavam à volta do Presidente como conselheiros. Ele também copiou aquele tal título. Imagine lutar tanto tempo para ser conselheiro executivo. O Presidente Mandela só disse em inglês: Oh my god! (Oh, meu Deus!). E a reunião acabou. Depois virou-se para o Presidente Mbeki e outros, olhando-os como que tivessem trazido um indivíduo que não valia nada. Então eu sai de lá. O Presidente Mandela veio para Luanda e disse-lhe que garantia a segurança dele. Venha do Bailundo para se encontrar com o Presidente José Eduardo dos Santos, ele está pronto para te receber. Savimbi disse que não, porque ali (Luanda) vou morrer. Se ele não confiava no Presidente Mandela e mais ninguém, então confiava em quem? Assim perdeu os últimos apoios. O Dr. Savimbi, quando falo dele, fui dos únicos estudantes que dava metade da bolsa a ele. Éramos todos bolseiros, passados três dias ele já não tinha dinheiro, como eu era tão solidário, porque aqui em casa crescemos 13 ou 15 pessoas uma vez que o meu pai recolhia todos os sobrinhos que estudavam aqui, e partilhei, não digo como comunista, mas sim um socialista honesto. Ele vinha a mim e chamava-me ‘Banco Totta não tenho mais nada. Dê alguma coisa para eu puder ir à escola. E eu dava metade da bolsa’. E os meus outros colegas diziam que se ele também recebeu bolsa como nós, se não tem que aguente. Eu vinha do Lobito que é um lugar proletário a 100 por cento, onde a igreja protestante ensinou-nos a solidariedade, então apoiava. Parece que isso também serviu de passaporte para me aguentar nas matas, porque mesmo que tivesse cometido erros era sempre protegido pelo Dr. Savimbi. Mesmo que houvesse birras, ele lembra-se que este homem nas horas graves esteve sempre ao meu lado. Agora programa do Dr. Savimbi ninguém conhecia. Como é que ficamos a conhecer? Quando dirigi a delegação da UNITA em Abidjan, em Junho de 1993, onde discutimos 30 dias e 30 noites, onde as delegações a UNITA e do MPLA começaram a conhecer-se, quando acabei a sala bateu palmas. Também quando Pitra Neto falou também aplaudimos, porque foi quase palestras nacionalistas, onde cada um tinha de provar que era nacionalista e pensamos: porque é que éramos diferentes? Vamos lá e parar, transmitir aos nossos chefes que era possível encontrarmos um entendimento. Todos os pontos foram aceites, salvo o da desmobilização e desarmamento dos soldados. O Dr. Savimbi disse que não entrego a tropa. Mas ele telefonava-me pessoalmente a dizer que Valentim você é o meu único colega de confiança, assina já. Afinal, era uma rasteira, ao lado estava alguém que era director do gabinete do Dr. Savimbi. Dizia-me que se você tentar pôr a sua assinatura quando chegarmos lá vamos todos ser pendurados e isso não será aplicado. Vamos pedir para ir ao Bailundo, encontrar o Dr. Savimbi, expor os resultados e ele fazer uma declaração a dizer que dou o mandato à minha delegação assinar o acordo de Abidjan. Se houvesse o acordo de Abidjan não seria necessário Lusaka. Tudo que fomos fazer em Lusaka foi aquilo que tinha sido aceite em Abidjan. Mas o avião do Presidente Houphouet Boigny estava no aeroporto à espera para nos levar a Luanda e depois ao Bailundo com toda a segurança. Os do Governo vieram, nós ficamos lá a receber mensagens do Dr. Savimbi a nos dizer que vocês afinal são leais, quando tínhamos recebido antes a mensagem de que assina. Eu falava ao telefone com ele, que ligava. Pensávamos, afinal de contas o que é que ele quer, não é a paz. O único programa dele era ser o Presidente da República.

O Programa de Muangai afinal o que é?

Como não quero discutir mitologias, nem nada, a UNITA após a sua criação como foi um partido criado após o MPLA, depois da UPA, o único aliado encontrado foi a China de Mao-Tse-Tung. E bem sabeis que no historial da marcha da China havia um conflito com a União Soviética, em que quem não estivesse com a União Soviética então fazia a guerra antirrevisionista. A Rússia que me perdoe na terminologia, mas estou a falar do ponto de vista histórico. Então, a UNITA é criada nesse ambiente de esquerda da esquerda. Esquerda da esquerda eram contados como mais comunistas do que os comunistas que existiam na Europa. É possível que as pessoas quando se querem valorizar digam Programa de Muangai, mas se lhes perguntar que o diga em detalhes, a, b, c e d, muitas pessoas não sabem. Porque o Dr. Savimbi na Jamba, quando se queria projectar como o único dirigente que fundou a UNITA, dizia que eu é que apresentei o Programa de Muangai. E as únicas pessoas que têm valor são aqueles colegas de Muangai. Eu digo-vos que muitos estudantes, coitados, saíram da Europa, Estados Unidos, foram para o interior como voluntários para lutar pela UNITA, morreram e aí foram massacrados, dizendo que estes são reacionários, agentes do capitalismo, do ocidente e vieram fazer espionagem.

Refere-se concretamente a quem?

Estou-me a referir do engenheiro Jeremias Luciano, está lá no meu livro ‘Esperanças’, onde escrevo sobre isso. Refiro-me ainda ao irmão do Cassinda e de outros quadros que foram pendurados aí no interior. Mas a coisa continuou na Jamba, muitos quadros morreram, como o Tito, o Wilson, que era um dos quadros com muito valor. É o caso do Kalinone, filho do velho Kalinone, um dos maiores ricaços umbundus do Huambo, que era um homem de grande valor. É ainda o caso do engenheiro que foi natural de Malanje, que era um colega meu e amigo. Quando fomos presos, ele (Dr. Savimbi) disse que vos prendi, como é que vos posso libertar. Agora o povo vai dizer que estou errado porque prendi todos os quadros e doutores, então alguém tem de ficar aqui. Escolheu o jovem de Malanje, que era o marido da irmã da mulher do Numa. Para não errar, o nome está no meu livro. Foi arbitrariamente escolhido, ele não tinha problemas, começamos a descobrir com o tempo.

Depois dos fracassos de Bicesse, Abidjan, Lusaka, Namibe, o fim que Jonas Savimbi teve, no Moxico, era previsível?

Absolutamente previsível. A prova é que havíamos dito ao maître que o estava escrito em Bicesse era a selecção de pessoas válidas para saírem do exército, isso não vai dar em nada. O que se tinha de fazer é a teoria da pesca, a da rede fina. Na rede fina significa que é muito cerrada, apanha a sardinha miúda, santola e os grandes peixes. O maître Beye o que deve fazer é levar os deputados, com as suas famílias, mas ele dizia que é muito caro. A paz é cara e vai explicar isso ao Presidente José Eduardo dos Santos, em detalhes. Disse-lhe que se utilizasse o programa da selecção produzida em Bicesse não vai ter resultados. É assim que introduziram famílias inteiras, o deputado que vinha levava a mulher, cunhada, o avô, filhos. Só faltava as galinhas. Abrigados inteiros vieram a Luanda e eu disse que o crocodilo sem água já não vai ser muito forte. Neste ponto de vista, o Dr. Savimbi ficou praticamente isolado, não tinha mais quadros com ele. O que foi que ele fez? Promoveu e disse que os que estavam em Luanda já não valem nada. Os que estão aqui é que são os verdadeiros combatentes. Perguntava: ‘fulano, qual é o teu posto’. Sargento. Então a partir de agora você é coronel. E você major, então passa a general’. O oficial perguntava: mas general de quantas estrelas? Dr. Savimbi dizia que as mesmas estrelas que ele. Também divisas verdes. Repare nas últimas fotografias que os generais que estavam no Úige, aqui em Benguela, tinham as divisas igualzinhas ao Dr. Savimbi. É com estes homens que ele terminou a guerra, dizendo que claramente que os generais todos que estavam em Luanda eram reaccionários. Uma das pessoas honestas que gostava das FAA foi o general Ben Ben. Foi um desgostos terrível, porque todo o programa que tinha na cabeça de fortificar as FAA e fazer participar a UNITA na desmobilização, formação, não deu resultado. Então parte para a grande aventura. Então, dinheiro, temos dinheiro. Dois terços dos diamantes de Angola estavam nas mãos da UNITA, milhões e biliões de dólares. Na maior justiça, a primeira coisa que o antigo tesoureiro da UNITA devia fazer é o balanço. Onde foi o dinheiro se ele é que guardava. Mas do que metade do dinheiro estava nas mãos deles em Londres e na Irlanda. Isso é para não estender o dinheiro que vinha de outros países porque algumas empresas lá faziam doações…

Está a referir-se ao actual presidente da UNITA, Isaías Samakuva?

Absolutamente. E não é só ele. Conheço todos os tesoureiros da UNITA.

O senhor também foi um deles?

Não fui tesoureiro. Fui o secretário, um dos secretários mais competentes para a questão da informação. Quando falava, em Luanda alguns paravam e escutavam. Em Lusaka já fui o porta-voz, o Governo pensava que pela maneira como Valentim está a falar não vale a pena estarmos também todos os delegados a falar ao mesmo tempo. Ele está resumir patrioticamente a conferência. Mas os generais receberam blindados esquecendo-se que há aviação, esqueceram-se que há misses anti-tanques. Receberam blindados, mas esqueceram-se que há Marinha. Esqueceram-se que as comunicações são vitais numa guerra moderna. Que todos os esquemas de comunicação estavam decifrados para uma empresa inglesa, que vendeu a tal técnica para saber qual é o pensamento da UNITA. Quando dizia que vamos lutar, ele já sabiam as posições da tropa da UNITA. Todos aqueles generais entusiastas que garantiram que iam ganhar a guerra, quando começaram a perder o Dr. Savimbi eliminou-os. É o caso do general Bock, Tarzan, o Perestrelo, um grande logístico. Ficou com o resto, saltando o Kwanza e indo para o leste. Digam-me quem foi general que combateu a defender até ao fim o Dr. Savimbi?

E o general Big Jó?

Big Jó tinha uma base a volta. Não estava ao lado. Havia um general ao lado que fala muito, mas o que lhe safou foi o encontro do Sporting com não sei qual equipa portuguesa. Porque na tal hora disse que escapou porque estava a ouvir relato de futebol (Risos). Não estão a ver que é uma anedota…Uma pessoa, um general, vai escutar o relato de futebol e o chefe dele é apanhado? Mas ele veio como herói, porque autoproclamou-se herói. E os outros estavam em Londres a contar o dinheiro que sobrou. A dizer que a guerra tem de continuar, mas a mulher dele e os filhos estavam lá fora. Os outros lá dentro a morrerem de fome. O general fome destruiu grande parte das tropas da UNITA. É por isso que digo que o general Gato foi mais consequente. A primeira coisa que fez foi reunir a UNITA, unificá-la e temos que ter o diálogo com o Governo. Só que realizou o congresso prematuramente. Ele devia assumir-se e quando tivesse verdadeiramente o controlo das estruturas do partido é que promovia o congresso. Agora reúne-se com indivíduos que vêm da Europa, com várias malas de dinheiro e a dizerem aos militantes que se vocês me elegerem resolvo todos os vossos problemas sociais. Elegeram o senhor Samakuva pensando que ele trazia todas as malas de dinheiro. Estão a ver a análise profunda? Está é e objectiva. E o hoje o povo de Angola já não espera mais malas, quer paz, reconciliação e trabalho. Ninguém mais vai vir cá fintar, porque se somos ovimbundu devemos pensar assim. Ovimbundu não somos os únicos, até mesmo há muitas mulheres ovimbundus casadas com dirigentes do MPLA, vocês não sabem disso. Afinal de conta o sentimento nacional é grande, a interligação entre as tribos é forte. O meu primo, reverendo José Belo Chipenda, a esposa é família do bispo Emílio de Carvalho. E é um casal sólido e estimado nesta área. Foi um casamento desejado por todas as populações da área, que diziam que como temos Dondi e Quéssua, então a tua esposa vai sair lá do Quéssua. E hoje estão aí, a fundar escolas.

O que acha do desaparecimento de mâitre Beye?

Deixemos o Governo reagir. Morreu numa conjuntura muito perturbada. Está é a minha declaração calculada, sacrificou-se pela paz. Só que ele estava a frente do tempo. Significa que a paz imediata tinha muitas forças contrárias por causa das riquezas de Angola. É por isso que quando analisamos o trabalho do Presidente José Eduardo dos Santos, ele nos diz o seguinte: vocês estão a perguntar o programa, mas isso não estão a dirigir só a ele, ao exterior, mas também aos dirigentes do MPLA e outros que não o são. Uma coisa é o vosso programa do partido e outra coisa é o programa do Governo. Este último é um programa de consenso, significa que não pode julgar programa da esquerda ou direita, tem de ser um programa da mediana em que você tira o melhor daqui e dali. Há pessoas que esse MPLA já passou para direita e ninguém sabe o que é, que programa devemos utilizar? E o Presidente compreendeu. Eles até estavam a referir-se se Governo e as instituições deviam ser só daqueles que foram militantes do MPLA, de A a Z. Eu penso que não, a construção de Angola tem que ser feita inteligentemente e é preciso aproveitar todos aqueles que acreditam programa de desenvolvimento de Angola.

Muitos acreditam que alguns problemas sociais seriam resolvidos com as autarquias. O que pensa?

Não, não, não. Quando se fala de certos termos, cientificamente não se dá conteúdos. O que são situações sociais? As escolas estão a ser fundadas, os hospitais idem, mas a explosão escolar é grande. Hoje todo o mundo quer estudar, todos querem ser curados. Estive doente e fui curado de borla. Os técnicos que tive são cientistas de vários países e angolanos também que vieram. Não há países da África que tem uma rede de estrada igual a de Angola. É um dinheirão. Os países europeus que estavam a viver acima do nível económico deles de potência entraram na falência e Angola é que pega ainda num saquito em envia. E é que tem de receber alguns para virem trabalhar, num gesto em que nós podíamos ficar zangados. Mas, não. É um estalo silencioso. Éramos desprezados, mas hoje não. Temos que marchar em cadência, estamos aqui e muita coisa ainda tem de ser feita. Agora não posso dizer que nada está a ser feito porque a estrada da minha buala, meu bairro, ainda não estão feitas. Não podíamos começar com as autárquicas quando o centro do poder ainda não estava definido. Agora é que estamos a definir. Já houve momentos em que, quando participei nas reuniões do Conselho de Ministros, o Presidente falava e o primeiro-ministro também falava. O Presidente fechava e o primeiro-ministro ainda passava em cima, abria outra vez a discussão. O poder tem que terminar em vértice e não em prisma. Estou a falar já na filosofia geométrica da escola de Alexandria. É preciso ver isso assim, mas o vértice ao puxar a base vai tentar alargar e fazer participar várias pessoas. Mas isso tem que ser por etapa. Muitas pessoas não devem estar contente com a filosofia de trabalho do Presidente, porque abre portas para a participação de outros pontos para mobilização do país.

Mas houve algumas manifestações de jovens. Viu?

Risos. Eu fui sindicalista dos estudantes nos tempos revolucionários. Sei como é que se prepara estas manifestações. Agora a reunião, quem esperava que o Presidente estivesse na Cidade Alta a frente da juventude. E os jovens foram educados, inteligentes, políticos com base, fizeram propostas e críticas. O Ministério da Juventude e Desportos, por exemplo, a juventude está a ser sacrificada porque o ministro está-se a inclinar muito para o desporto. Quem é o político da oposição que algum dia falou disso. Épa, temos problemas, a prostituição é demais, os estrangeiros quando vêm só querem apanhar as moças e corrompê-las. Abrir só a universidade por abrir, mas a qualidade de ensino? Não foram aqueles jovens, muitos desconhecidos, que se levantaram perante o Presidente, mas falando com ética, educação que recebemos dos nossos velhos. Aproveito a ocasião desta pergunta, inteligente como as outras, para dizer que o Governo deve preparar-se para receber estes jovens, muitos deles vão ser expulsos, perseguidos, porque projectaram-se como potenciais dirigentes.

Quer falar do Mfuka Muzemba?

Todos eles foram contundentes. Estou a fazer um apelo ao Governo para que não deixe cair estes jovens. Porque aquele fórum tornou-se necessário, críticas construtivas, sugestões. Por exemplo, na investidura do Presidente da República não estiveram a UNITA, PRS, CASA-CE. Mas não são membros potenciais do Conselho da República. Qual Conselho da República? Quem é o Presidente do Conselho da República? Então não reconhece Presidente do Conselho da República e não está paralisado. Você está numa aldeia, o soba recebe a investidura e você diz que não estou de acordo. Na história dos nossos antepassados você está a pedir o exílio. Os sobas pensavam que vamos construir uma aldeia para ele fora da nossa, é assim que agiam. Aquilo que fizeram foi um grande insulto. Eu fui, recebi o convite que protocolarmente chegou-me tarde. Afinal era um dos únicos. Mas agora dizem sua Excelência devia fazer isso ou aquilo, esquecem-se do que fizeram. 

O que pensa sobre o surgimento da CASA-CE? Era previsível a saída de Abel Chivukuvuku da UNITA?

Quando saímos disseram-nos que éramos uns malucos. Agora esta a acontecer com todos, é inevitável.

Mas o caso concreto de Abel e a coligação que formou?

Não vou fazer julgamentos de valores. Só digo o seguinte: os partidos políticos podem ser criados, mas têm que ter programas. Quando têm programas não é dizer ataque cerrado, sistemático, niilista, negativista contra o Presidente da República. Isso não é programa. Deixa-me falar de princípio geral, não posso ser prisioneiro do CASA. As pessoas em Angola habituaram-se a ouvir de mim princípios gerais. E quando vou dar exemplo, dou-os mesmo. No caso de certos partidos, seja o CASA, O PRS e outros, quando faziam discursos já se sabia o que iam dizer: ataques, até pessoais noite e dia. Esquecendo-se alguns que no conflito de 1992 foi o Presidente que disse salvem este camarada. Ingratidão. Dizem que é dever dele, então no mundo não há gestos que devem ser louvados. Na Igreja quando orámos não dizemos ‘oh, meu Deus grato por nos ter dado a água’. Por que é que não pensamos que também é dever de Deus? Agora há jornais que se colocam a discutir os diplomas do Presidente. Já viste. Quando houve guerra civil, quando chegamos em Lusaka, para haver paz isso acabou, vamos enterrar. Então não há mais política de agressividade do ponto de informação.

Era inevitável o surgimento da CASA?

Absolutamente. CASA tinha razão de existência, mas tem que ter um programa. Aquilo que tem é mais uma doutrina anti-pessoal tal. Isto um dia vai parar porque as pessoas vão parar. 

Dani Costa e Eugénio Mateus

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