Jonas Savimbi, entre o colaboracionismo e o conflito nacional
Jonas Malheiro Savimbi foi, em larga medida, um produto das circunstâncias coloniais e da acção da PIDE/DGS, mesmo durante o período em que exerceu funções como ministro das Relações Exteriores no Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE). Nessa fase, já dispunha de facilidades de deslocação pela Europa e outros continentes, utilizando documentos emitidos pelas autoridades portuguesas (leia: Tvedten, 1997; Wheeler & Pélissier, 2009 ou ouça o vídeo de Holden Roberto no YouTube).
Em 1966, fundou a UNITA com apoio logístico e político de sectores ligados à PIDE e ao regime do Apartheid sul-africano, uma relação documentada em testemunhos de antigos colaboradores, incluindo um velho companheiro, o Amukuaia em entrevista recente, e analisada em estudos de académicos como Christine Messiant (2001).
Entre 1966 e 1974, Savimbi liderou acções armadas na Frente Leste contra o MPLA, e posteriormente combateu a facção Chipenda afiliada à FNLA depois deste se desentender com o MPLA de Neto no sudeste de Angola. O YouTube está cheio de depoimentos de tes
temunhas que outrora pertenceram a PIDE/DGS em como Savimbi colaborou com as autoridades portuguesas em Angola.
temunhas que outrora pertenceram a PIDE/DGS em como Savimbi colaborou com as autoridades portuguesas em Angola.
Após a proclamação da independência, de 1975 a 1990, manteve uma intensa actividade militar contra o governo legítimo de Angola, estabelecendo alianças estratégicas com o regime do Apartheid e com potências ocidentais em plena Guerra Fria (leia: Bridgland, 1986; George, 2005). Durante esse período, a UNITA recebeu apoio directo da África do Sul e indirectamente dos Estados Unidos, integrando-se na lógica da confrontação bipolar entre Leste e Ocidente. Neste período, combateu também o ANC e a SWAPO ou melhor, foi tampão destes movimentos que lutavam pela liberdade a pedido do regime do Apartheid.
De 1992 a 2002, após as primeiras eleições multipartidárias, Savimbi recusou aceitar os resultados eleitorais e regressou à guerra civil. Nesse período, controlou vastas áreas do território nacional, provocando uma nova vaga de destruição e sofrimento humano. Estima-se que o conflito armado angolano, em toda a sua duração, tenha causado a morte de mais de meio milhão de pessoas e o deslocamento de milhões segundo (Messiant, 2001; Hodges, 2004).
Perante este percurso histórico, impõe-se a questão: qual foi, efectivamente, o contributo de Jonas Savimbi para a conquista da independência, para a preservação da soberania nacional e para o desenvolvimento político, económico e social de Angola que lhe torne num herói?

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