quarta-feira, 9 de julho de 2025

DEIXEI DE ACREDITAR EM COINCIDÊNCIAS


Tal como João Lourenço recorreu à TPA para uma entrevista cuidadosamente coreografada com a participação especial de Ernesto Bartolomeu, onde, entre perguntas amaciadas e respostas ensaiadas, pôde enviar recados subtis (ou nem tanto) à navegação interna do seu próprio partido, também Adalberto Costa Júnior (ACJ) parece ter recorrido à mesma fórmula. Só que, no seu caso, a encomenda foi feita ao conhecido economista e jornalista Carlos Rosado de Carvalho, dando forma a uma entrevista igualmente simpática, se não mesmo complacente.
O objectivo? Muito provavelmente o mesmo: afirmar liderança, marcar território e, sobretudo, ganhar alguma visibilidade mediática numa conjuntura política em que o espaço de oposição está cada vez mais apertado, e os holofotes institucionais continuam cativos do poder. Para ACJ, que tem enfrentado turbulências internas na UNITA — entre os nostálgicos da velha guarda e os novos reformistas —, este tipo de intervenção pública permite-lhe construir narrativa, reforçar a sua autoridade e mostrar-se como figura central no xadrez político nacional.
No fundo, são entrevistas que não pretendem informar, mas moldar percepções. Não confrontam, mas consolam. Não investigam, apenas ilustram. É a política-espetáculo em versão doméstica: cada líder no seu púlpito mediático, falando para a sua audiência e, mais importante ainda, para os seus contendores dentro do próprio quintal político.
Vai fazer moda? O que você acha?

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