Angola e o Desafio da Oposição: Uma História de Desunião
Por Artur Cussendala
A política angolana continua a ser palco de surpresas e contradições, especialmente no campo da oposição. Nas últimas eleições gerais, a UNITA, sob a liderança de Adalberto Costa Júnior, formou uma aliança informal — a Frente Patriótica Unida (FPU) — que trouxe novo fôlego à esperança de alternância no poder. Essa frente reuniu três forças: a própria UNITA, o Bloco Democrático e o então projeto político PRA-JA Servir Angola, de Abel Chivukuvuku.
O resultado foi histórico: a oposição conquistou 90 assentos parlamentares, o melhor desempenho desde o fim do monopartidarismo. Parecia o início de uma nova etapa.
Mas a promessa não durou. O PRA-JA tornou-se oficialmente um partido e, ontem no seu congresso constituinte, anunciou sua saída da FPU. Chivukuvuku, figura carismática e ex-dirigente da UNITA, rompeu com o projeto colectivo que ajudou a construir. Com isso, a aliança perde um dos seus pilares e a oposição volta, na prática, à estaca zero — desunida, dispersa e a disputar o mesmo eleitorado.
O Bloco Democrático, embora ainda formalmente ligado à FPU, tem presença reduzida e dificuldade de mobilização em escala nacional. Sozinha, a UNITA carrega um peso que, nas actuais condições, dificilmente será suficiente para provocar mudanças reais.
Enquanto o poder se consolida no partido dominante, a oposição parece presa aos seus próprios dilemas internos. As disputas de protagonismo, os projetos pessoais e a falta de uma estratégia comum continuam a minar qualquer possibilidade séria de alternância.
A grande questão permanece no ar: quando é que a oposição angolana vai entender que, dividida, não vai a lugar nenhum?
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