terça-feira, 27 de maio de 2025

 O 27 de Maio de 1977

O fracassado golpe de estado do 27 de Maio de 1977 em Angola, liderado por uma facção dissidente do MPLA, resultou em uma repressão severa e deixou marcas profundas na história do país. Abaixo estão cinco testemunhos de diferentes pessoas envolvidas ou afetadas pelo evento:



1. Nito Alves: Um dos líderes do golpe, Nito Alves, era ministro da Administração Interna e representava a ala radical do MPLA. Ele e seus seguidores acreditavam que o governo de Agostinho Neto estava traindo os ideais da revolução ao se aproximar da União Soviética e afastar-se das massas populares. Em seu testemunho, Alves declarou que seu objetivo era corrigir o rumo do MPLA, que, segundo ele, estava se afastando dos princípios marxistas-leninistas.

2. Agostinho Neto: O presidente de Angola na época, Agostinho Neto, respondeu ao golpe com medidas drásticas. Em um discurso logo após o fracasso do golpe, Neto afirmou que o movimento liderado por Nito Alves era uma tentativa de desestabilizar o país e um ato de traição contra a revolução angolana. Ele justificou a repressão subsequente como necessária para proteger o estado e os ideais revolucionários.

3. José Van-Dúnem: Outro líder do golpe, José Van-Dúnem, era um alto funcionário do MPLA e companheiro de Sita Valles, uma figura também associada ao golpe. Van-Dúnem foi preso e executado durante a repressão que se seguiu. Seu testemunho, capturado em documentos e relatos antes de sua morte, refletiu uma desilusão com a liderança do MPLA e uma convicção de que mudanças eram necessárias para manter viva a revolução.

4. Sita Valles: Uma ativista política e militante do MPLA, Sita Valles foi acusada de ser uma das mentoras intelectuais do golpe. Em cartas e declarações antes de sua captura e execução, Valles denunciou a crescente burocratização e repressão dentro do MPLA. Ela defendia uma revolução contínua que permanecesse fiel aos princípios de igualdade e justiça social.

5. Familiares das vítimas: Muitos familiares das vítimas do 27 de Maio testemunharam sobre as atrocidades cometidas durante a repressão. Um exemplo é o relato de Maria de Fátima, irmã de um jovem estudante que foi preso e nunca mais foi visto. Maria descreveu a dor e o sofrimento de não saber o destino de seu irmão e criticou a falta de transparência e justiça nos processos pós-golpe.

Esses testemunhos ilustram a complexidade e a intensidade do conflito interno no MPLA e o impacto devastador que o fracassado golpe teve sobre a sociedade angolana. 


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