Europa de joelhos na OTAN: submissão ou medo disfarçado?
Por Artur Cussendala
A recente cimeira da OTAN, que segui com bastante atenção desde que cheguei da agência da ENDE, foi tudo, menos diplomática. Donald Trump, com o estilo que o caracteriza, exigiu dos aliados europeus e do Canadá, o aumento imediato dos seus orçamentos de DEFESA para 5% do PIB de cada membro da aliança. Até aqui, nada de novo. Mas impôs uma condição clara: os gastos devem ser feitos exclusivamente com a indústria militar dos Estados Unidos.
Quando eu pensava que Macron ou o chanceler alemão Friedrich Merz fossem tesos, enganei-me completamente. E o que fizeram os líderes europeus? Acenaram em silêncio, concordando com tudo, como se estivessem a agradecer por um favor.
Todos... menos a Espanha. Esta ousou demonstrar alguma autonomia, sendo de imediato ameaçada com sanções e aumento de tarifas comerciais.
O que se passou foi mais do que uma reunião de aliados. Foi um espetáculo de submissão colectiva.
Resta perguntar: será realmente o medo da Rússia que justifica tanta humilhação? Ou a Europa já não sabe como sobreviver sem o guarda-chuva nuclear americano?
Custa admitir, mas parece que, para muitos líderes europeus, a soberania já não passa de um detalhe secundário diante dos caprichos de Washington.
E nós, cidadãos do Sul Global, ficamos a assistir, entre o espanto e a vergonha alheia.
No final, quem realmente lidera a OTAN? Bruxelas ou Washington? E quem é o protegido e quem é o vassalo?
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