segunda-feira, 2 de junho de 2025

 Angola, um país de contrastes que desafia a lógica

By Artur Cussendala
É curioso observar como Angola parece viver uma espécie de contradição permanente. Por um lado, o discurso recorrente é de que os salários são baixos e o custo de vida é insuportavelmente alto. Por outro, os shoppings e mercadinhos estão sempre cheios, e não é raro ver carrinhos de compras abarrotados. Como explicar isso?
Eventos culturais e de lazer, como shows de artistas consagrados – Paulo Flores, por exemplo – cobram ingressos altíssimos, e mesmo assim esgotam-se rapidamente. Recentemente circula o anúncio do “Almoço dos Jovens do Prenda”, com ingressos a 40 mil kwanzas. E acreditem, vai lotar.
As passagens aéreas, tanto nacionais como internacionais, estão entre as mais caras da região, mas os voos seguem sempre cheios. Então afinal, de que é que estamos a reclamar?
É evidente que há uma franja significativa da população a viver em condições desumanas, disputando restos de comida com ratos e baratas nos contentores do lixo. Essa é uma realidade inegável e dolorosa. Mas também é verdade que, em muitos casos, o "grito de sofrimento" que se ouve pode não representar toda a gente que o emite. Há um aparente descompasso entre o que se diz e o que se vive, entre o que se reclama e o que se consome.
O que está por trás desse paradoxo? Uma economia informal robusta? Um espírito de sobrevivência resiliente? Uma cultura de aparência e ostentação? Ou será simplesmente uma desigualdade social tão profunda que mascara a realidade de muitos sob o ruído de poucos?
Fica a reflexão e quero ler o seu comentário. Aceita o desafio?
01JUN 2025

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