quinta-feira, 26 de junho de 2025

 Israel vs Irão: Quando a retórica se confronta com a realidade

Por mais que se tente moldar a narrativa internacional principalmente no ocidente, há momentos em que os factos falam mais alto do que qualquer propaganda. Um desses momentos acaba de acontecer no confronto entre Israel e o Irão. Contrariando o que muitos esperavam, foi Israel e não Teerão, quem recorreu aos bons ofícios de Donald Trump para pressionar por um cessar-fogo. A razão? Uma guerra mal planeada, um inimigo subestimado e um sistema de defesa que começava a mostrar sinais de fadiga.
Nos últimos dias, o mundo assistiu em directo e apesar da censura, à surpreendente dificuldade das Forças de Defesa de Israel em abater mísseis iranianos. Este fracasso operacional pode ser explicado por três factores inquietantes: o salto qualitativo da tecnologia militar iraniana empregue nos seus mísseis e drones, uma eventual escassez de mísseis antiaéreos disponíveis em Israel, ou, e aqui reside o ponto mais sensível — o custo insustentável de manter uma guerra prolongada contra um adversário que se preparou para resistir e contra-atacar.
Durante décadas, Tel Aviv habituou-se a controlar o ritmo dos conflitos no Médio Oriente, confiando numa superioridade militar amplamente reconhecida. Mas desta vez, o Irão demonstrou não apenas capacidade de resposta, como também resiliência estratégica. E isso mudou o jogo.
O apelo a Washington para entrar no conflito e por mediação revela mais do que uma quebra de iniciativa: é um reconhecimento tácito de que o conflito saiu do controlo. A tradicional imagem de Israel como potência militar inabalável está a ser posta à prova por um Irão que, apesar das sanções, isolamentos e ameaças, mostrou que sabe jogar no mesmo tabuleiro e com peças próprias.
É evidente que uma guerra total entre estas duas potências traria consequências devastadoras para toda a região. Mas é igualmente evidente que Israel saiu deste episódio com a sua aura de invulnerabilidade visivelmente abalada. A retórica da força encontra finalmente um adversário com músculo, método e coragem para responder. E quando isso acontece, o silêncio que se segue aos pedidos de cessar-fogo diz mais do que qualquer comunicado oficial.

NOTA: podes encontrar este texto no meu perfil de facebook - https://www.facebook.com/photo/?fbid=10235451613849507&set=a.2618406417914&__cft__[0]=AZWESvADmO2MQnBKXnF7m1sDv4_qZmsRKExSzJNhVBtAty7ZDi74gobAfTE5vHJl4aN1Z1cowWoJEyGixmF84Ox_7SzK6K5K9pGzBJEyeko5eQwOfpOIZhsW8az67IgTrHprt_L1qxAa6E8FG-dr1TwBgxzDYixU-YLqj9ktCXEG6w&__tn__=EH-R

Sem comentários:

Enviar um comentário

  A geração da pressa tomou conta da mídia estatal… e a qualidade foi-se. ‎ Por Artur Cussendala ‎ Ultimamente tenho prestado atenção aos ...