Israel, Irão e o cálculo da provocação
Por Artur Cussendala
Tudo indica que Israel agiu com plena consciência de que o Irão não é, nem remotamente, comparável ao Hamas ou a qualquer outro dos seus tradicionais proxies. O ataque furtivo contra o território iraniano e alvos da sua elite militar parece ter sido menos um acto de retaliação e mais uma manobra calculada para provocar uma escalada regional.
A explicação mais plausível para tamanha ousadia é estratégica: forçar os Estados Unidos e os seus cúmplices europeus a se envolverem directamente no conflito, legitimando uma intervenção ampla contra o Estado persa. Trata-se de uma jogada perigosa, cujas consequências poderão incendiar ainda mais o Médio Oriente.
Neste quadro, a reacção iraniana, embora tecnicamente poderosa e insana, revela-se politicamente desastrosa. A sua dimensão — desproporcional e mal calibrada — serve precisamente os interesses de quem pretende isolá-lo no cenário internacional e oferecer argumentos para uma resposta militar conjunta e devastadora.
A pergunta que fica: quem realmente quer a paz, e quem precisa desesperadamente de uma guerra para sobreviver politicamente?
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