quarta-feira, 25 de junho de 2025


Li a carta aberta da Titica e compreendendo a dor e a indignação por trás de cada palavra. Ela não fala só por si, mas por muitas mulheres trans que enfrentam diariamente a humilhação, o preconceito e a exclusão. No entanto, não podemos ignorar que vivemos numa sociedade angolana, africana, com padrões culturais e religiosos profundamente enraizados e com um sistema legal que ainda não sabe bem o que fazer com identidades de género fora do padrão tradicional.

A pergunta que me fica é: que tipo de dignidade uma mulher trans espera receber num país onde a própria estrutura legal e os valores culturais dominantes ainda não reconhecem plenamente a sua existência?
Antes de exigirmos respeito, que sim, é merecido, temos que enfrentar dois debates urgentes: o primeiro é legal. O Estado precisa definir com clareza qual é a sua posição sobre identidade de género e garantir, por lei, os direitos fundamentais dessas pessoas. O segundo é cultural. Precisamos conversar, com seriedade, sobre o que significa ser africano no século XXI. Será que os nossos valores são estáticos? Ou há espaço para evoluir sem perder as nossas raízes?
Sem isso, tudo continuará a ser barulho: gritos de um lado, rejeição do outro. E no meio, pessoas reais a sofrer em silêncio.

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